Marcas da Copa no Qatar são redesenhadas em protesto por trabalho 'escravo'
Do UOL, em São Paulo
09/06/2015 06h00Atualizada em 09/06/2015 08h21
Ainda faltam sete anos para a Copa do Mundo no Qatar, em 2022, mas ela já é um dos eventos esportivos mais polêmicos. Uma das controvérsias envolve as precárias condições de trabalho dos empregados que estão construindo as arenas esportivas e os complexos turísticos para o evento.
Ativistas de direitos humanos afirmam que os trabalhadores vivem em condições semelhantes à escravidão.
Para criticar a situação, internautas recriaram as logomarcas de empresas patrocinadoras da Fifa, entidade que organiza a Copa, como Visa, Adidas e Coca-Cola, transformando-as em "antilogomarcas".
As recriações trazem frases como "Orgulhosamente apoiando o abuso dos direitos humanos na Copa do Mundo de 2022". As imagens foram compiladas pelo site The Roosevelts e não foram divulgados os nomes de seus autores.
Empresas dizem que pediram providências à Fifa
O UOL entrou em contrato com as empresas criticadas. Até a publicação desta reportagem, apenas McDonald's, Visa, Adidas e Cola-Cola haviam respondido.
O McDonald's informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
A Visa disse que está preocupada com os relatos de más condições de trabalho no Qatar.
"Nós já expressamos nossas preocupações à Fifa e pedimos que ela tome todas as ações necessárias para trabalhar com as autoridades e organizações competentes para remediar essa situação e garantir a saúde e a segurança de todos os envolvidos", disse a empresa.
A Adidas afirmou que conversa constantemente com a Fifa e sabe que a organização já pediu diversas vezes às autoridades do Qatar que garantam condições de trabalho decentes aos imigrantes.
"Melhoras significativas já foram feitas e este trabalho continua em andamento, porém todos reconhecem que ainda há muito a ser feito, em um esforço coletivo que envolve todas as partes interessadas", disse a Adidas.
A Coca-Cola informou que também dialoga com a Fifa para encontrar soluções para o problema.
A Coca-Cola não tolera abusos aos direitos humanos em qualquer parte do mundo. Sabemos que a Fifa está trabalhando com as autoridades do Qatar para tratar de questões específicas trabalhistas e de direitos humanos. Esperamos que a Fifa continue a acompanhar profundamente tais questões e trabalhe na direção a novos progressos", afirmou.
Mais de 1.200 operários já morreram no Qatar
Segundo a organização International Trade Union Confederation, mais de 1.200 trabalhadores envolvidos nas obras da Copa no Qatar já morreram --a maioria imigrantes da Índia e do Nepal. No total, a entidade estima que 4.000 operários podem morrer até 2022.
Há relatos sobre empregados que chegam ao Qatar endividados e têm seus passaportes retidos, são submetidos a longas jornadas de trabalho e recebem muito baixos.
Em fevereiro, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, admitiu que há problemas nas condições de trabalho no país árabe.
Escolha do Qatar como sede é investigada
A Copa do Mundo de 2022 é um dos alvos de investigação do FBI (polícia federal dos Estados Unidos). A suspeita é que a escolha do país como sede pode ter sido possível graças a um esquema de corrupção, com compra de votos, na Fifa.
Devido ao escândalo, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou, na semana passada, sua renúncia ao cargo.