Como são os aparelhos de medição de audiência do Ibope?
Dados recentes divulgados pelo Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) apontam que os investimentos em publicidade no Brasil chegaram a R$ 3,8 bilhões apenas no primeiro trimestre deste ano. Pouco mais de 60% deste valor é destinado à televisão, entre canais abertos e de TV por assinatura.
As agências de publicidade dos anunciantes são as responsáveis por definir em quais canais os comerciais serão exibidos. Uma das maiores métricas de decisão, além do público-alvo e horário dos programas, é a audiência que cada um deles conquista.
E, para balizar tais audiências, a principal métrica utilizada, há mais de 50 anos, são os números auditados pela Kantar Ibope Media, empresa de pesquisa que atua no país desde 1952. Mas como esses números são aferidos? Como são os aparelhos que realizam tais levantamentos?
Hoje em dia, o Ibope realiza tal medição em 6.060 domicílios, espalhados por todo o país. São cerca de 20 mil pessoas sendo monitoradas minuto a minuto.
Como as casas são escolhidas?
Para chegarem à amostra, o Ibope realiza um levantamento socioeconômico, que leva em conta os dados do IBGE. Assim, cria uma espécie de "radiografia" do Brasil. Depois de uma análise realizada por um algoritmo, com objetivos predefinidos, os domicílios da amostra costumam ser escolhidos por sorteio.
As casas selecionadas são visitadas pelos analistas da empresa. Os moradores que aceitam participar da pesquisa, recebem os aparelhos de medição (os "peoplemeters") e viram "painelistas".
Os "painelistas" assinam um termo de confidencialidade com a agência de pesquisa, evitando qualquer tipo de divulgação. Este é um dos motivos de não vermos os aparelhos de medição nas redes sociais, por exemplo.
É tudo meio secreto. Os carros dos técnicos não são identificados —os uniformes dos funcionários do Ibope que trabalham nas casas também não possuem o logo da empresa.
Como os aparelhos reconhecem os programas?
Os "peoplemeters" identificam qual canal (seja ele de TV aberta, a cabo, plataforma de streaming ou videogame) aquela televisão está transmitindo.
O reconhecimento do programa acontece a partir da identificação do conteúdo pelo seu áudio. Os dados são transmitidos minuto a minuto para as centrais de análise de dados do Ibope. Tais dados são entregues aos clientes (agências, anunciantes ou emissoras, por exemplo), que podem acompanhar a medição em tempo real.
Atualmente, a medição é realizada nas 15 principais regiões metropolitanas do país: Grande São Paulo, Grande Campinas, Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte, Grande Vitória, Grande Porto Alegre, Grande Curitiba, Grande Florianópolis, Grande Goiânia, Distrito Federal, Grande Salvador, Grande Fortaleza, Grande Recife, Belém e Manaus.
O relatório consolidado destes mercados é conhecido como "Painel Nacional de Televisão", o PNT.
Quanto vale cada ponto de audiência?
Todo início de ano, o Ibope atualiza os dados de referência dos pontos percentuais de audiência.
Na Grande São Paulo, por exemplo, 1 ponto de audiência significa que aquele programa foi assistido por 73.015 domicílios —ou 200.766 pessoas. Na Grande Rio, cada ponto vale 46.175 (ou 118.440 pessoas).
No "Painel Nacional de Televisão", cada ponto conta 254.892 domicílios e 693.788 indivíduos.
Como são os "peoplemeters"?
Hoje em dia, as casas recebem um aparelho que chama "DIB 6", utilizado em diversos países da América Latina.
Quando um consumidor vai assistir a algum programa, ele se "cadastra" no aparelho, por meio de um número. Se várias pessoas da família estiverem assistindo, todos deverão ter se cadastrado.
Confira, abaixo, como foi a evolução dos aparelhos de medição ao passar do tempo:
TVMETRO 1 e 2
Foram os primeiros medidores de audiência com registro automático, instalados em 1969 e 1972.
O Brasil foi um dos cinco países no mundo todo a usar a tecnologia. O primeiro painel de domicílios tinha 220 casas, em São Paulo.
A versão '2' do TVmetro era muito semelhante à primeira, mas possuía manutenção mais simples e tecnologia um pouco mais avançada.
TVTRON
O TVTron, que nasceu em 1983, é a primeira grande evolução dos medidores de audiência.
Totalmente eletrônico, registrava os dados em uma memória parecida com as dos computadores. A coleta de dados ainda era feita pessoalmente: isso porque a informação era gravada em uma espécie de fita cassete.
DIB2
O Data IBOPE, ou DIB, passou a ser utilizado em 1989 e se assemelha aos aparelhos de hoje.
A empresa começou a medir a audiência individual, além da domiciliar, a partir de 1992. Isso porque cada morador se identificava em um controle remoto personalizado, método utilizado até os dias atuais.
DIB4
A versão '4' do DIB começou a ser usada em 1995.
O aparelho tinha um sintonizador interno de canais, que realizava uma varredura de todos canais e comparava seus áudios com o do televisor.
Com o DIB4, o Ibope começou a identificar o sistema de TV a cabo e o uso de aparelhos externos, como videogames e DVDs.
DIB6
O DIB6 é o atual. Lançado em 2012, identifica o canal sintonizado pelo reconhecimento de áudio. O sistema compara o áudio do conteúdo assistido no televisor e o conteúdo das emissoras monitoradas. O processo é realizado em menos de 20 segundos.
Em 2013, foi instalado em 6 cidades do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Curitiba). No ano seguinte, a tecnologia foi implantada em mais 9 cidades brasileiras (Florianópolis, Campinas, Vitória, Goiânia, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Manaus).
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