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Conselho de publicidade esclarece processos em lives de músicos

Foto: Reprodução/YouTube
Imagem: Foto: Reprodução/YouTube

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/04/2020 04h01Atualizada em 22/04/2020 13h30

A decisão do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) de abrir uma representação ética contra as ações publicitárias realizadas nos shows "Live Gusttavo Lima - Buteco em Casa" e "Buteco Bohemia em Casa", do cantor Gusttavo Lima, causou grande repercussão na semana passada.

O Conar havia justificado a abertura do processo ético devido a "denúncias recebidas de dezenas de consumidores", que consideraram que as ações publicitárias precisariam "de cuidados recomendados pelo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária para a publicidade de bebidas alcoólicas".

O Conselho, porém, foi acusado nas redes sociais de ter denunciado o cantor por motivações políticas ou para defender emissoras de televisão, que estariam perdendo audiência com as apresentações.

Gusttavo Lima, por sua vez, ainda afirmou que "não faria novas lives para ser censurado" e que críticas "não ajudavam em nada". O cantor, que chegou a ser defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ainda listou, em suas redes sociais, 25 instituições que já haviam recebido doações arrecadadas em suas apresentações.

Conselho analisa apenas ações publicitárias

Nesta segunda-feira (20), o Conar resolveu ir além dos esclarecimentos da semana passada. Em comunicado, o órgão afirmou que "atua exclusivamente em nome de anunciantes, agências e veículos de comunicação no exame do conteúdo de publicidade de todos os tipos, inclusive aquelas envolvendo influenciadores digitais".

O conselho ainda afirma que "não cuida do conteúdo artístico" das apresentações e que sua atuação "está restrita à análise de anúncios cujos responsáveis pactuaram em produzi-los e veiculá-los dentro dos limites da ética".

Por fim, o conselho diz que "em programas, lives ou qualquer outro tipo da manifestação artística ou cultural, apenas as peças publicitárias são objeto de análise" e que "anunciantes, veículos e/ou influenciadores têm o direito amplo de contestar o que lhes é imputado".

O Conar segue regras do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, produzido pelas próprias empresas anunciantes e grupos de mídia.

Anexo fala de propaganda de cervejas

O Anexo "P" do Código aborda a propaganda de cervejas e vinhos, que são tratadas como "Categorias Especiais de Anúncios".

Em seus artigos, o Código diz, por exemplo, que a "publicidade não deverá induzir, de qualquer forma, ao consumo exagerado ou irresponsável" e que o "Código encoraja a realização de campanhas publicitárias e iniciativas destinadas a reforçar a moderação no consumo".

Todas as lives patrocinadas por cervejas, por exemplo, deveriam conter uma das frases de advertência, como "beba com moderação", "evite o consumo excessivo de álcool" ou "não exagere no consumo". Uma fonte ligada ao Conselho, porém, afirmou que "esta é uma situação nova" e que cada caso poderia ser analisado de forma diferente.

É importante lembrar que o Conar não exerce poder de polícia e sequer pode multar qualquer personagem de suas ações. As decisões são tomadas em diferentes reuniões das "câmaras" do Conselho de Ética, com a participação de executivos de diferentes áreas da publicidade nacional e representantes da sociedade civil, como professores, advogados, médicos e outros profissionais com conhecimentos em relação de consumo.

Tais decisões são apenas recomendações, que, podem ou não serem acatadas pelos participantes. Segundo a entidade, em 42 anos de atividade, o Conar nunca teve uma recomendação sua desrespeitada.

Ambev reforçou regras aos artistas

Após o anúncio de abertura do processo contra o cantor e a cervejaria, a Ambev divulgou um comunicado afirmando que foi enviado um guia aos artistas, que reforçava "as regras do Conar".

"Sabemos que em algumas lives, de forma totalmente espontânea, algumas orientações não foram seguidas. Estamos reforçando as regras dado esse novo contexto de entretenimento virtual e estamos mais do que nunca comprometidos com o consumo responsável de nossos produtos", declarou a empresa.

A cerveja Brahma tem patrocinado dezenas de apresentações, diariamente. Nesta segunda-feira (20), por exemplo, a marca esteve presente na live do projeto Amigos, feita pelos cantores Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano e Leonardo.

Em uma das ações dos patrocinadores, Zezé di Camargo, ao falar da cerveja, disse que "a produção não deixou ele beber ali". "Puseram a Brahma aqui, mas não deram o abridor", brincou.

Cartões Elo, PicPay, Seara e Americanas também patrocinaram a apresentação. Até a noite de ontem (21), a live tinha quase 15 milhões de visualizações no YouTube.

Live de César Menotti e Fabiano foi retirada do ar

A live da dupla sertaneja César Menotti e Fabiano, realizada na semana passada, também foi alvo de polêmicas. Segundo a reportagem de Tilt, canal de tecnologia do UOL, apresentação foi retirada do ar porque "precisaria se adaptar às regras do YouTube", existentes desde que o programa de parcerias entre a plataforma e os artistas foi criado, em 2007.

No caso, a regra descumprida impede que criadores de conteúdo veiculem inserções publicitárias nos mesmos moldes das vendidas pelo YouTube a anunciantes. O conteúdo da dupla sertaneja tinha banners de marcas que apareciam no rodapé do vídeo ou anúncios que entrecortavam a transmissão.

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