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Candidatos não eleitos aparecem como políticos e não conseguem os R$ 600

Filipe Andretta

Do UOL, em São Paulo

07/05/2020 04h00

Por causa de um erro no sistema, o auxílio emergencial está sendo negado a pessoas que se candidataram ao cargo de vereador mas que não foram eleitas.

Por lei, quem tem mandato eletivo ou trabalha na administração pública não pode receber a ajuda de pelo menos R$ 600 por mês. No entanto, candidatos de 2016 atualmente desempregados estão ficando sem o dinheiro —o sistema alega que eles foram eleitos ou que exercem cargo público.

A responsável por aprovar ou reprovar os cadastros do auxílio emergencial é a Dataprev. Até a publicação desta reportagem, a empresa pública não se manifestou sobre o erro ou explicou qual banco de dados ela verifica para saber se a pessoa trabalha na administração pública.

Sem mandato nem auxílio

Candidato a vereador pelo PSOL em Porto Alegre nas eleições de 2016, Roberto Seitenfus recebeu apenas 189 votos. "Não fiquei nem como suplente", diz.

Site da Dataprev informa por que pedido foi negado Imagem: Reprodução/Site Dataprev

Roberto afirma que praticamente não fez campanha e que não exerceu nenhum cargo público. "Eu sou professor e não tenho contrato formal." O extrato da carteira de trabalho digital confirma que ele não tem registro de emprego ativo.

Ele se cadastrou para receber o auxílio emergencial logo no primeiro dia em que o aplicativo da Caixa foi disponibilizado, em 7 de abril. No dia 22, o pedido foi negado porque, segundo a análise da Dataprev, Roberto seria agente público e teria emprego com carteira assinada.

Erisvaldo de Oliveira está na mesma situação. Concorrendo pelo PSL em 2016, "Valdinho Belo Cruzeiro" recebeu apenas 86 votos e ficou de fora da Câmara de Mucuri (BA).

O último trabalho registrado em carteira foi de motorista, com o vínculo encerrado em agosto de 2015. Mas o aplicativo de cadastro no auxílio emergencial afirma que ele não pode receber porque exerce mandato eletivo e tem emprego registrado.

Revisão do cadastro não funcionou

A Caixa afirmou que pessoas com o auxílio negado poderiam refazer o cadastro pelo aplicativo do banco para pedir uma nova avaliação. No entanto, essa opção não funcionou para os ex-candidatos a vereador.

Imagem: Reprodução/App Auxílio Emergencial

Quando tentam abrir um novo pedido, o sistema diz que o CPF deles já está registrado e não permite editar os dados.

"Não tem nenhum mecanismo para contestar, não abre nada. Já fui pessoalmente na Receita e na Caixa, ambos afirmam que no sistema está ok, sem nenhuma restrição", afirmou Roberto.

"Erram e não dão opção para que eu faça de novo", disse Valdinho, que espera uma solução em breve para o problema.

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