IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

CGU investiga apagão que permitiu cadastro sem checagem no Auxílio Brasil

Anúncio de instituição financeira de Porto Alegre oferece empréstimo consignado a beneficiários do Auxiíio Brasil - EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
Anúncio de instituição financeira de Porto Alegre oferece empréstimo consignado a beneficiários do Auxiíio Brasil Imagem: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

01/02/2023 09h32Atualizada em 01/02/2023 09h36

Um apagão de energia elétrica em agosto de 2022 danificou sistemas e permitiu o cadastro de pessoas no Auxílio Brasil (atual Bolsa Família) sem filtros de checagem. As informações são do ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias.

Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro Dias explicou que o apagão atingiu computadores que funcionam como o "cérebro" do cadastro para benefícios sociais do governo, como o Bolsa Família.

"Por coincidência, é quando se tem o Auxílio Brasil de R$ 600, a liberação de um aplicativo onde esse aplicativo não passa por municípios. E aí passou a entrar gente no programa sem filtro."

Além de obrigar a suspensão de serviços, a pane impediu que beneficiários recebessem o auxílio, mesmo tendo direito. A falha é alvo de investigação do Ministério de Desenvolvimento Social, da CGU (Controladoria-Geral da União) e AGU (Advocacia-Geral da União).

São muito fortes os indícios de que esse apagão tenha sido feito com o propósito de fazer uma política eleitoral com uso de um programa social robusto como o Auxílio Brasil.
Ministro Wellington Dias em entrevista ao Globo

Entre julho e dezembro de 2022, 4,1 milhões de famílias passaram a receber o Auxílio Brasil, criado no governo Jair Bolsonaro (PL). Em agosto, a poucos meses das eleições, o valor do benefício subiu para R$ 600.

Wellington Dias acrescentou que o sistema é fundamental para a manutenção do cadastro do Bolsa Família e está sendo reativado. A expectativa é de que novos cadastros possam ser retomados no início de fevereiro.

Ex-ministro nega problema

Procurado pelo Globo, Ronaldo Bento, que foi ministro da Cidadania entre março e dezembro, negou o apagão de energia.

"As informações não procedem. Foi contratado certo. E em nenhum momento ficou sem o sistema nem ocasionou prejuízo à entrega das políticas públicas."

Um documento do Ministério da Cidadania, entretanto, mostra que o incidente "gerou múltiplas falhas e indisponibilidades nos serviços e sistemas" da pasta, "impactando negativamente, tanto nos processos internos, quanto nos programas sociais de governo destinadas ao cidadão."