'O tempo passa, o tempo voa': Bamerindus teve mil agências e jingle icônico

Bancos já extintos fizeram sucesso no passado e são lembrados até hoje, seja por suas propagandas ou seus serviços pioneiros. Um deles é o Bamerindus, cuja história começa na década de 1920.

A propaganda da "Poupança Bamerindus" marcou época no início da década de 1990. O icônico jingle era cantado pelo ator Toni Lopes. "O tempo passa, o tempo voa; e a 'Poupança Bamerindus' continua numa boa. É a 'Poupança Bamerindus'", dizia o jingle, que ecoava nas TVs de tubo do momento.

O banco também patrocinava as Olimpíadas do Faustão, um dos quadros de maior audiência do Domingão. "Tá precisando de dinheiro? TC Bamerindus é o plano em que você investe todo mês um pouquinho. No final, recebe tudo o que investiu totalmente corrigido. Para o Bamerindus, você tem obrigação de ser feliz", anunciava o Faustão no programa.

Faustão divulgava a marca, repetindo a famosa frase do jingle, cuja criação é atribuída a Milce Junqueira, Fernando Rodrigues e Fernando Leite, da agência Colucci.

Empresa do interior

A origem da instituição remonta ao contexto da crise econômica mundial de 1929. Naquele ano, com amigos próximos, um contador chamado Avelino Antonio Vieira decidiu fundar uma empresa bancária em sua cidade natal, Tomazina, no interior do Paraná.

A empresa foi inicialmente chamada de Banco Popular e Agrícola do Norte do Paraná (BPA). Quinze anos depois, em 1944, o banco foi incorporado ao Banco Comercial do Paraná, do qual Avelino tornou-se diretor comercial.

A trajetória do banco foi marcada por diversas incorporações e mudanças de razão social. A incorporação do Banco Meridional da Produção, em 1951, que possuía apenas quatro agências, marcou o momento em que a instituição passou a ser conhecida como Banco Mercantil e Industrial do Paraná SA — o que daria origem ao nome pelo qual ficou conhecida a empresa.

Foi em 1971 que surgiu a ideia de mesclar o nome e reduzi-lo para Banco Bamerindus do Brasil SA. Nesta época, o negócio decolou. O banco se consolidou como uma das maiores instituições bancárias da América do Sul nas décadas de 1970 e 1980.

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Mais de mil agências

Crescimento extraordinário. Sob a presidência de José Eduardo de Andrade Vieira, filho de Avelino Vieira, o Bamerindus experimentou uma forte ascensão, expandindo-se significativamente com a inauguração de cerca de 200 agências em 1989.

Logotipo do antigo banco Bamerindus
Logotipo do antigo banco Bamerindus Imagem: Reprodução

O banco subiu à segunda posição do pódio entre os maiores bancos privados do país, com mais de mil agências espalhadas pelo território brasileiro.

Participação na política. Além de sua atuação no setor bancário, Andrade Vieira, conhecido como Zé do Chapéu, também foi senador da República pelo Paraná e atuou como ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo e também da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária, durante os governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

Dívida

A partir da década de 1990, o Banco Bamerindus entrou em declínio. Em 1993, a instituição passou a enfrentar problemas financeiros e entrou no cadastro de devedores da União, com uma dívida superior a 7 bilhões e meio de cruzeiros (aproximadamente R$ 2,5 milhões em valores atuais).

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A situação levou o grupo a buscar auxílio do Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, em 1994.

O Bamerindus sofreu com a abertura econômica do país e com o novo modelo implantado a partir da criação do Plano Real, assim como outros grandes bancos da época, entre eles o Nacional e o Econômico.

Amargou uma intervenção do Banco Central, em 1997, com um buraco bilionário em suas contas. As investigações do BC apontaram um rombo no balanço do banco que indicava ser inevitável um calote nos correntistas.

Os ativos saudáveis do Bamerindus foram, então, vendidos ao banco britânico HSBC, que assumiu as 1.241 agências do Bamerindus espalhadas pelo país. Seus imóveis e os empréstimos que a empresa teria a receber viraram massa falida.

Apenas em 2014 foi decretada a liquidação extrajudicial do banco. No ano anterior, o BTG Pactual aceitou pagar R$ 418 milhões ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), então o maior credor do Bamerindus, para ficar com direitos creditórios e ativos detidos pela instituição. O acordo deu ao BTG o direito de controle de 98% do capital social do Bamerindus.

Veja alguns comerciais do Bamerindus

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