CEO que vendeu quase R$ 1 bilhão em ações recrutou brasileira para Nubank
Do UOL, em São Paulo
18/08/2023 04h00Atualizada em 18/08/2023 06h32
As ações do Nubank (NU) tiveram queda ontem, após o colombiano David Vélez, bilionário cofundador do banco digital, vender parte de sua participação pela primeira vez desde a abertura de capital da empresa.
Vélez vendeu 3% de sua participação, cerca de 25 milhões de ações, levantando cerca de US$ 191 milhões — o equivalente a quase R$ 1 bilhão.
Quem são os fundadores?
O Nubank tem como fundadores o colombiano David Vélez, a brasileira Cristina Junqueira e o norte-americano Edward Wible.
Vélez já foi o homem mais rico da Colômbia, mas agora aparece na 2ª colocação, com US$ 4,5 bilhões (R$ 22 bilhões). No ranking geral, ele figura em 611º lugar.
A brasileira Cristina Junqueira tinha uma fortuna estimada em US$ 1,2 bilhão (R$ 6,89 bilhões), em 2021, tendo destaque, na época, por ser a segunda mulher brasileira bilionária que não é herdeira — atrás de Luiza Trajano. Na lista de 2023 dos bilionários, ela não aparece, assim como Wible.
Já o norte-americano Edward Wible tem pelo menos 1,98% do capital social da empresa, equivalente a US$ 912 milhões (R$ 5,24 bilhões).
Engenheiro, Vélez recrutou Junqueira
Vélez nasceu na Colômbia, em 1981, em uma família de pequenos empresários. Ele se mudou para a Costa Rica aos nove anos, depois de um tio sofrer um sequestro em Medellín.
Formou-se em engenharia na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e foi trabalhar na área de investimentos do banco Morgan Stanley. Depois, trabalhou na empresa de private equity General Atlantic. Em 2010, voltou para Stanford para fazer um MBA em negócios.
No Brasil, tornou-se sócio do fundo de investimentos Sequoia Capital. Ele afirma que, nessa época, em 2012, quando precisou abrir uma conta em um banco, a burocracia na agência, a porta giratória e o atendimento ruim o motivaram a buscar uma solução.
Vélez então passou meses estudando bancos digitais em ascensão e começou a traçar o roteiro para o Nubank, que começaria oferecendo cartões de crédito e depois incluiria outros serviços. Levantou US$ 1 milhão (R$ 5,74 milhões) com seu mentor, Douglas Leone, chefe da Sequoia, e mais US$ 1 milhão com a firma de capital de risco argentina Kaszek.
Como na época a lei brasileira não permitia que estrangeiros fossem donos de bancos, Vélez recrutou Cristina Junqueira para ser cofundadora do Nubank.
O colombiano conheceu sua futura mulher, Mariel Reyes Milk, uma empreendedora peruana, em 2013, durante um encontro de empresários internacionais em um bar paulistano.
O casal aderiu à iniciativa global Giving Pledge, criada por Bill Gates, Melinda Gates e Warren Buffet. Com isso, eles se comprometeram a doar suas fortunas ainda em vida à caridade.
Apesar de ter cidadania colombiana e costarriquenha, Vélez afirma que não tem "nação nem raízes". Em entrevista para uma revista em 2019, disse que ele e a esposa já moraram em muitos lugares e são "considerados gringos em todos eles".
Junqueira trabalhou no Itaú Unibanco
Junqueira tem graduação e mestrado em engenharia de produção pela USP (Universidade de São Paulo), além de um MBA pela Northwestern University, dos Estados Unidos.
Ela trabalhou durante anos no Itaú Unibanco. Em entrevistas posteriores à sua saída do banco, disse ter ficado cansada de tentar vender cartões de crédito a quem não queria. Essa teria sido sua motivação para abrir a fintech.
Junqueira foi a primeira mulher a aparecer visivelmente grávida na capa de uma revista brasileira de negócios. Em 2020, posou para a edição das "Mulheres mais poderosas do Brasil" da revista Forbes, esperando a segunda filha.
No mesmo ano, seu nome esteve envolvido em polêmica após participação no programa "Roda Vida", da TV Cultura. Questionada sobre medidas para inclusão de lideranças negras no banco, Junqueira disse que não dava para o Nubank "nivelar por baixo".
Após a reação negativa das redes sociais, os fundadores da fintech apresentaram um pedido de desculpas e se comprometeram a aumentar a representação de negros em cargos-chave.
Wible tentou startup de transporte antes
Edward Wible foi o primeiro CTO (diretor de tecnologia) do Nubank. Wible é formado em ciência da computação pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e tem um MBA pelo Insead, na França.
Começou sua carreira em consultoria no Boston Consulting Group (BCG), assim como Junqueira, e na empresa de private equity Francisco Partners. Mudou-se para Buenos Aires, na Argentina, para encontrar investidores e montar uma startup de transportes. O projeto não deu certo, mas dois anos depois foi recrutado por Vélez para trabalhar na área de tecnologia do Nubank.
Sem ter onde ficar no início da empresa, Wible morou no andar de cima da casa alugada pelo trio, na rua Califórnia, no bairro do Brooklin, em São Paulo, onde eles começaram a implantação do banco digital.