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Parcelamento sem juros é ponto-chave para setor de tecnologia, diz Acer

Do UOL, em São Paulo

06/11/2023 14h40

O parcelamento sem juros no cartão de crédito é ponto-chave para o setor de tecnologia, que seria prejudicado se a modalidade fosse extinta. É o que diz Germano Couy, presidente da fabricante de computadores Acer na América Latina, em entrevista ao UOL Líderes.

O que ele disse

Parcelamento sem juros é fundamental para setor de tecnologia. O executivo diz que, como os notebooks são produtos mais caros, o consumidor tem o costume de parcelar a compra. Caso o parcelamento sem juros não fosse mais permitido, o setor de tecnologia seria prejudicado, diz.

Quase todos os equipamentos vendidos no Brasil são produzidos aqui. Ele diz que 95% dos produtos da Acer vendidos no Brasil são produzidos aqui. A maior parte é produzida em São Paulo, e há também produção em Manaus. A Acer tem apenas uma fábrica na Índia e a maior parte de sua produção no mundo é terceirizada.

Jogador de videogame troca de computador com mais frequência. Os produtos para gamers são destaque no portfólio da Acer. Segundo Couy, esse é um mercado de alto consumo e os jogadores trocam de computador com mais frequência. "O jogador quer sempre estar com mais performance", diz.

Gamers jogam até mais de 12 horas por dia e podem faturar alto. O executivo afirma que há casos em que os jogadores ficam até mais de 12 horas jogando. Segundo ele, a recomendação da empresa é não ultrapassar as duas horas de jogo, para preservar o bem-estar do jogador. Mas ele pondera que muitas vezes o jogador tem aquilo como profissão, e ganha até mais do que o presidente de uma empresa.

Alto custo dos equipamentos e baixa renda são entraves para o setor. Couy diz que os equipamentos são mais caros no Brasil, se comparados com mercados como o europeu e o americano. Segundo ele, esse custo se deve à carga tributária e à necessidade de importação de peças da Ásia. O alto custo e a baixa renda da população são as principais barreiras para o crescimento do setor por aqui, diz.

Você pode assistir a entrevista em vídeo no canal do UOL no YouTube ou ouvi-la no podcast UOL Líderes. Veja a seguir destaques da entrevista:

Parcelamento sem juros

Como é um equipamento de valor mais alto, o consumidor compra parcelado. Nos EUA, se você quiser parcelar, tem que ser com a sua instituição do cartão. Acaba saindo mais caro, fica difícil para o consumidor. Se passar a vender tudo sem parcelamento, vários setores vão ser impactados. O de tecnologia com certeza. O parcelamento é um ponto-chave para nós.

Produção local

A gente tem uma produção local no Brasil, 95% de tudo que a Acer comercializa é produzido no Brasil. Grande parte é feita em São Paulo e uma parte é feita em Manaus. A Acer contrata produção de acordo com o produto específico, isso no mundo inteiro. Ela não tem fábrica no mundo, só na Índia.

Mercado gamer

Hoje, uma máquina normal, você pode ficar com ela de 4 a 6 anos. A máquina gamer a substituição é de 2 a 3 anos. O jogador quer sempre estar com a última geração, porque isso influencia na performance dele no jogo. É como se fosse uma ferramenta de trabalho. [No Brasil], o grande volume está no computador de entrada, 75%, em uma faixa de preço entre R$ 4 mil e R$ 5,5 mil.

Horas de jogo

Tem jogador que joga 12 horas. Vai muito da disponibilidade do jogador. Um jogador pode ganhar muito mais do que o presidente de uma empresa, é uma profissão do futuro. O equipamento pode ficar ligado full time um mês, jogando. Mas a gente recomenda não ultrapassar 2 horas, baseado no bem-estar.

Entraves para o setor

A principal barreira é o custo. No Brasil o equipamento é caro, tem uma diferença se comparado a mercados como o americano, o europeu. Outro ponto é a renda da América Latina. O equipamento gamer não é barato. As pessoas não têm essa disponibilidade para irem lá e comprar uma máquina.

Por que é mais caro no Brasil?

O Brasil hoje não tem uma indústria de semicondutor, você tem que trazer peças da Ásia para montar aqui. Mas acho que o principal ponto é o imposto. Porque na maioria dos países na América Latina não existe uma taxa de imposto tão alta. Então eu vejo que os impostos oneram bastante o PC hoje.

Quem é Germano Couy

Idade: 53 anos
Local de nascimento: Belo Horizonte (MG)
Formação: Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Paulista e mestre em Administração de Empresas pela Business School São Paulo
Cargos de destaque na carreira: Foi vice-presidente de mobilidade da Positivo, diretor e CEO da Megaware Industrial, diretor de vendas da Bell Microproduts e da Flyetch, e proprietário da PC Trade Computers

Assim é a Acer

Foi fundada em 1976 em Taiwan e hoje tem presença em 38 países. O Brasil responde por cerca de 15% das receitas globais. Vende computadores, monitores, tablets, dentre outros equipamentos.

Faturamento global em 2022: US$ 9 bilhões
Funcionários: 8 mil ao redor do mundo e 60 no Brasil

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