Como é a disputa entre herdeiros pela sucessão do homem mais rico do mundo
Do UOL, em São Paulo
16/03/2024 04h00
O homem mais rico do mundo já está preocupado com a sua sucessão. Bernard Arnault, 74, criou uma competição entre seus filhos, para avaliar quem será o próximo presidente do grupo LVMH. Para evitar brigas, também criou barreiras para impedir a venda de ações do grupo pelos herdeiros.
Qual é a fortuna
Com US$ 239,1 bilhões, Arnault é o homem mais rico do mundo atualmente, segundo a Forbes. Ele é presidente do maior grupo de luxo do mundo, cargo que deve ocupar até os 80 anos.
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O grupo LVMH - Moët Hennessy Louis Vuitton - é dono de 75 marcas de luxo. Essas marcas estão entre as mais adoradas do mundo, como Dior, Tiffany, champagne Dom Perignon, Givenchy, Kenzo, Marc Jacobs, entre muitas outras.
As ações estão reunidas na holding Agache Commandité, e cada um dos cinco filhos tem 20% de participação. Para garantir que os irmãos irão se entender, as ações não podem ser vendidas por 30 anos sem aprovação unânime do conselho. A ideia é que o grupo continue sob controle familiar.
A holding também tem um braço de venture capital, Aglaé Ventures. Ela tem investimentos na Netflix e até na dona do TikTok, a ByteDance, segundo a Forbes.
Quem são os herdeiros
Delphine Arnault, de 48 anos, chefe executiva da grife Dior
Antoine Arnault, de 45 anos, diretor executivo da grife Dior
Alexandre Arnault, de 30 anos, vice-presidente executivo da Tiffany & Co.
Frédéric Arnault, de 28 anos, diretor executivo da TAG Heuer
Jean Arnault, de 24 anos, diretor de marketing e desenvolvimento na divisão de relógios da Louis Vuitton
Como é a disputa?
Filhos são avaliados em almoços mensais. Com duração de 90 minutos, os encontros na sala de jantar da sede do LVMH começam com a leitura por Arnault de uma lista de tópicos a serem discutidos. Depois disso, ele pede a opinião dos filhos sobre os temas, geralmente relacionados à gestão das empresas.
O lobo de cashmere. Esse é o apelido de Arnault, que tem 74 anos, nasceu na fronteira da França com a Bélgica e hoje administra empresas avaliadas em 480 bilhões de dólares. Filho de um empreiteiro, ele estudou na tradicional Ecole Polytechnique e fez fortuna ao comprar firmas ligadas ao mercado de luxo.
Pai treina filhos há anos. Ele sempre submeteu os herdeiros a testes de conhecimentos matemáticos e os levou para viagens de negócios. Embora Arnault quase não fale sobre o tema, sabe-se que a escolha será feita com base no mérito. Enquanto isso, os filhos evitam que qualquer tipo de rivalidade transpareça.
Qual é o perfil de cada filho?
Só uma mulher na disputa. Filha mais velha, Delphine trabalhou por 12 anos na Dior e, depois disso, passou os últimos 10 anos na Louis Vuitton — até se tornar chefe executiva da primeira grife em janeiro.
Antoine, o conselheiro. Nos últimos tempos, o filho de 45 anos tem aconselhado o pai com sucesso a ser mais transparente nos negócios. Foi dele a ideia de publicar o quanto a companhia pagou em impostos em 2022.
Alexandre tem calcanhar de aquiles. Filho de Arnault ganhou destaque nos negócios da família ao negociar compra da marca alemã Rimowa, em 2017. Foi responsável pela renovação da Tiffany, comprada em 2021 — mas é visto como menos preparado por não ter feito Ecole Polytechnique.
Frédéric, o observador. Primeiro filho do segundo casamento fez Ecole Polytechnique e fundou startup de pagamentos eletrônicos — antes de ir trabalhar na divisão de relógios da Louis Vuitton. Ele é conhecido por ser um atento ouvinte em reuniões.
Jean, o caçula. Filho mais novo de Arnault estudou no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e no Imperial College de Londres. Hoje, trabalha na fábrica de relógios do grupo, na Suíça.