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Famílias no campo se modernizam e público comprador da Agrishow rejuvenesce

Grupo de jovens participa da Agrishow 2024 Imagem: Divulgação/Agrishow

Danielle Castro

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

02/05/2024 18h28Atualizada em 02/05/2024 18h29

A adesão à automação dos processos no campo mudou o curso no grupo Ampessan. Cada vez mais tecnológico, o negócio da família de produtores de grãos foi aos poucos cedendo espaço para a liderança dos membros mais jovens da família, cujo perfil entusiasta de novidades do setor garantiram a atualização e incremento da produção.

"O campo mudou um pouco a chave. Antes a pessoa estudava e ia para a cidade, hoje é o inverso, mas eu vejo que o pessoal tem se adaptado mais rápido. A geração nova tem entrado mais rápido, os jovens estão dominando e indo para cima mesmo", diz o produtor Albino Ampessan, 35, e membro da terceira geração da família a liderar a empresa.

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Desde 2016 envolvido nos negócios da fazenda, Ampessan está hoje, junto com um primo de 46 anos, à frente da gestão das operações do grupo, sendo responsável pelo plantio, colheita e pulverização. O produtor faz parte de um movimento de rejuvenescimento da cadeia de comando no agro que vem chamando a atenção de fabricantes e players públicos e privados do segmento.

Segundo a organização da Agrishow 2024, realizada até dia 3 de maio em Ribeirão Preto (SP) e considerada a maior feita do tipo do mundo em parque aberto, existe sim uma percepção dos dos representantes da feira sobre a questão. Com presença notória de jovens circulando no evento, a organização afirma que tem constatado de fato "ao longo dos anos, um público cada vez mais jovem, que muitas vezes são descendentes dos "primeiros" visitantes da Agrishow, que teve sua primeira edição em 1994, há quase três décadas.

Embora não haja dados sobre idade nesta edição, as estatísticas da feira de 2022 apontam que cerca de 75% dos visitantes tinham papel decisivo e influenciador na compra de produtos, equipamentos e serviços. Esse grupo era "composto principalmente pelas faixas etárias de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos", que "representam bem o perfil dos profissionais do campo em fase de sucessão familiar."

Comparado aos dados do último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2017, também é perceptível o padrão. Há sete anos, o país contava com 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, sendo que a faixa etária predominante entre produtores (homens e mulheres) era a de 45 a 54 anos, seguida do grupo 55 a 65 anos.

Rodrigo Bonato, diretor de marketing da John Deere para América Latina, diz que nos últimos 10 anos a multinacional tem constatada "uma mudança muito interessante no mercado do Brasil" por conta da mecanização cada vez mais presente. "O produtor brasileiro entende que o aumento da produtividade do país passa pela adoção de tecnologia. E nos últimos três a quatro anos, principalmente após o período da pandemia, ficou mais evidente ainda essa questão, do benefício que ela gera", diz Bonato.

Para o diretor, o fenômeno ocorre em todos os portes de agronegócio e está atrelado à idade dos novos gestores e à união das famílias em prol dessa otimização produtiva. "A nova geração que vem para o agro é ávida e adota a tecnologia com respeito pela experiência da geração passada", afirma.

A empresa, que tem o slogan "inspirando gerações", diz que o tradicionalismo dos avós construiu o agro no país e agora vem ganhando novas características e rompendo barreiras em relação ao novo. "Ocorre uma mistura muito interessante e a gente tem visto isso cada vez mais em nossos clientes. É muito comum a gente receber no nosso estande da Agrishow essa interação entre pai, filho, filha. A sucessão está agora não é mais algo traumático para as famílias, porque eles começaram a trabalhar cada vez mais juntos e fazem de forma mais estruturada", conta o diretor.

Censo Agro 2026

O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, que participou esta semana de coletiva na 29ª edição da Agrishow junto com representantes da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e da Agrishow, informou que o instituto está em fase de os preparativos do para a realização da 12ª edição do Censo Agropecuário Brasileiro, maior e mais importante levantamento feito no país sobre o setor - a pesquisa é feita desde 1920.

O próximo levantamento, que será divulgado em 2026, deve recorrer a dados de bancos e cooperativas para otimizar custos e usar questionários pela internet nas propriedades rurais que tiverem cobertura. Além de estruturas, territórios, economia e produção, o novo censo deve investigar o perfil dos produtores, "a dinamização produtiva ditada pelas inovações tecnológicas" e indicadores ambientais.

"A presença inédita do IBGE na Agrishow representa mais um passo do Instituto no movimento que a instituição está fazendo para ouvir a sociedade, neste caso em especial o setor agropecuário brasileiro. O 12º Censo Agropecuário nos permitirá uma análise de um setor tão dinâmico como é o setor agropecuário no Brasil", disse Pochmann em nota de divulgação.

Atuante no Centro Oeste e em Minas Gerais com produção de soja, milho, sorgo, feijão, trigo, Ampessan descreve um cenário no agro que com certeza vai renovar o censo brasileiro sobre o setor.

Os novos maquinários e softwares agrícolas, para ele, devem impactar o entendimento da nova geração sobre as relações de produção. "Quanto mais facilidade a gente vê em empregar e o quão rentável se torna, [mais] diminui o desperdício e principalmente o seu gasto de tempo. Você pega uma máquina dessas e consegue realmente uma tarefa executada com mais eficácia, é o grande diferencial", aponta Ampessan.

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