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Cultivo de amendoim cresce e torna Brasil referência global para exportação

Danielle Castro

Colaboração para o UOL, de São Paulo

21/06/2024 04h00

A área destinada para cultivar amendoim no Brasil cresceu, em média, 11% ao ano na última década, tornando-se um dos grãos de destaque da balança comercial e colocando o país como uma referência global neste cultivo.

Potencial

A expectativa é seguir em alta. "Nosso óleo tem sido bem recebido no exterior e, o que até então era visto pelos produtores [apenas] como uma opção na rotação com a cana-de-açúcar e soja, tornou-se uma cultura em ascensão e que desperta cada vez mais interesse", diz Pablo Rivera, vice-presidente da Associação dos Produtores, Beneficiadores, Exportadores e Industrializadores de Amendoins do Brasil (Abex-BR).

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O Brasil é um dos únicos produtores mundiais com capacidade para aumentar a área de cultivo dessa oleaginosa. Além disso, possui clima favorável para a cultura, tecnologia produtiva e qualidade significativa nos grãos. "O crescente consumo do produto em todo o mundo (de 2 a 4% por ano) aliado às possibilidades e capacidade existentes no Brasil indica grandes oportunidades para nosso setor", afirma o Rivera.

Para exportação

Cerca de 80% da produção nacional de amendoim é exportada, mantendo o preço sempre em alta e favorecendo a produção. É o que diz a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Na última década, os embarques para exportação do produto in natura, por exemplo, cresceram 360%, sendo que, de 2019 a 2022, os volumes enviados a outros países ultrapassaram os 40%.

Bons protocolos impulsionam a exportação. A Embrapa aponta que protocolos de autocontrole da cadeia, bem como a rastreabilidade e a certificação de informações geradas pelas pesquisas, são alguns dos diferenciais importantes do produto brasileiro para os estrangeiros. Conforme números do Comexstat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2023, o principal produto de exportação foram os grãos in natura, com ou sem pele, que movimentaram aproximadamente US$ 450 milhões.

No Brasil, o consumo de amendoim ainda é baixo. É consumido 1,1 kg por ano, valor muito abaixo da média mundial (6,0 kg) ou do consumo observado na China (12,8 kg), diz a Embrapa.

"Este potencial de aumento do consumo interno pode ser interessante se considerarmos o provável aumento da produção nos próximos anos, em especial nas extensas regiões produtoras de grãos do Cerrado brasileiro", dizem os pesquisadores da agência.

Os principais destinos foram Rússia, Holanda, África do Sul e Argélia. "Quando tratamos de amendoins preparados ou processados, destacamos o Chile, Peru, Estados Unidos, Ucrânia, Uruguai e África do Sul. Em relação ao óleo, cerca de 90% foi exportado para a China, enquanto outros 8% tiveram como destinos a Itália", afirmam os pesquisadores.

Mercado Veg

Um dos motores do consumo de amendoim no mundo tem sido o mercado "plant-based". Esses produtos são de origem vegetal, protéicos, saudáveis e ambientalmente responsáveis para suas composições.

"O amendoim se destaca por possuir entre 25 a 30 gramas de proteína por cada 100g de amendoim cru. Também é um produto rico em óleo (45% em média), um mercado que vem crescendo em nosso país", dizem os pesquisadores Daniel da Silva Ferreira, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Algodão, e Taís Suassuna, pesquisadora da Embrapa Algodão na área de melhoramento genético do amendoim.

Quem produz e quais os usos na pesquisa

O principal produtor de amendoim do Brasil é o estado de São Paulo. A Embrapa aponta que os paulistas respondem por 80% da produção de amendoim nacional. O cultivo tem rotatividade para renovação do solo com o plantio de cana-de-açúcar. O cultivo também tem espaço em Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Bahia e Rio Grande do Sul.

O amendoim brasileiro é utilizado em três cadeias principais: a de óleo e subprodutos; a de produtos à base de amendoim, como a pasta e doces moídos ou em grãos (como paçoca e pé de moleque) e a in natura, que gera produtos salgados ou torrados, entre outros. As cascas do amendoim também são empregados na geração de energia e aproveitadas na fabricação de plásticos, gesso e até produtos de celulose.

Desenvolvidas pela Embrapa, as sementes de amendoim com melhoramentos genéticos são mais um fator de impacto. Cultivares do tipo "Runner", por exemplo, são adaptáveis às diferentes regiões produtoras, facilitando a mecanização e a produtividade de lavouras e indústria. São essas sementes selecionadas que definem ainda o tamanho, formato, cor e sabor dos grãos para atender as necessidades específicas de cada mercado, bem como o tempo de oxidação do óleo, preservando a palatabilidade e qualidade do produto.

A pesquisa tem focado ainda em controle de plantas daninhas, pragas e doenças com boas práticas agrícolas no manejo fitossanitário. "Hoje o amendoim brasileiro é considerado um dos melhores do mundo, pois possui um excelente monitoramento e controle dos níveis de aflatoxinas, e tem uma das menores pegadas de carbono, principalmente quando comparado com Argentina e Estados Unidos", reforçam os dois.

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