OPINIÃO
Tales: Ao UOL, Lula indica que mercado não vai colocar cabresto nele
Colaboração para o UOL, em São Paulo
26/06/2024 11h57
Lula deixou claro que não seguirá as ordens dadas pelo mercado financeiro para conduzir a economia nacional, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta quarta (26).
Em entrevista ao UOL, o presidente disse que o mercado "está sempre torcendo para as coisas serem piores do que são na verdade" e que o país precisa de alguém que pense no povo.
O mercado não vai colocar um cabresto no Lula. Ele não fará como o mercado quer. Ou seja: não vai desvincular a Previdência, os reajustes aos aposentados e o BPC [Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos e deficientes de baixa renda] do salário mínimo.
Segundo ponto: não vai cuidar só de diminuir os gastos, mas cuidará também de aumentar a arrecadação. Ele já está de olho nessa questão dos subsídios porque cortá-los significa aumentar a arrecadação.
Uma marca forte do governo Lula é a relação internacional. E ele deixou claro, ao longo disso tudo, que a marca dele é um governo voltado para o social. Se não, não seria eleito e não seria o Lula. Tales Faria, colunista do UOL
Tales avalia que o governo não deve dar tantos ouvidos "à gritaria do mercado". O colunista frisou que Lula mantém o mistério sobre quem será o próximo presidente do Banco Central, embora tenha se reunido com Gabriel Galípolo, apontado como favorito ao cargo.
Todo o mercado fala do desequilíbrio nas contas e dos gastos públicos. Há uma gritaria do mercado para a qual devemos ter cuidado e não dar tanto eco. É preciso cuidar das contas públicas, mas se dá muito eco a empresários pedindo mais dinheiro, desoneração e cortes do povão.
Não ficou definido se será o Galípolo ou não, apesar de Lula elogiá-lo e confirmar que se encontrou com ele ontem. Galípolo saiu do Palácio do Planalto dizendo que não podia falar e ficou no ar se não teria havido um convite. Lula disse que houve uma reunião para decidir metas, e não o Banco Central. Tales Faria, colunista do UOL
Bergamo: Lula praticamente selou destino de Juscelino Filho
Lula sinalizou que o destino do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, já está traçado, disse a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo. O presidente afirmou que afastará o ministro caso ele seja denunciado pelo Ministério Público Federal.
Está evidente que essa denúncia será aceita. Pode dar uma zebra e, se isso acontecer, Juscelino fica. Mas Lula praticamente selou o destino dele.
Lula vinculou o destino de Juscelino ao desenrolar do processo, algo que não fez em outros governos. Quando o {Antonio] Palocci [ex-ministro da Fazenda] esteve sob fogo cruzado, Lula resistiu em demiti-lo. O presidente vinculou o destino do ministro a algo que não depende dele, Lula. Mônica Bergamo, colunista da Folha de S. Paulo
Ronilso: Falta de mulheres e negros no governo reflete círculo de Lula
A falta de mulheres e negros ocupando cargos na cúpula do governo federal reflete o círculo de relações do presidente Lula (PT), afirmou o colunista Ronilso Pacheco no UOL News desta quarta (26). Em entrevista exclusiva ao UOL, Lula afirmou que "quer mais mulheres e negros no governo, mas é difícil achar'. Na visão de Ronilso, o argumento do presidente não é razoável.
Ele tem assessoria, informação o suficiente pra compreender que os tempos são outros, que isso tem muito menos a ver com a oferta como ele coloca e mais a ver com o ciclo com o qual ele está envolvido, que circula em torno dele, que são seus pares, que são as pessoas que o aconselham, que são as pessoas que fazem as indicações.
Ronilso lembrou a pressão que o presidente Lula recebeu para indicar uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal após a aposentadoria da ministra Rosa Weber.
Acho que é uma reprodução do próprio governo do presidente. Toda dificuldade, todo debate em torno, por exemplo, da nomeação de uma pessoa negra, de uma mulher negra, mais especificamente, pro STF, as justificativas continuam sendo as mesmas.
Passou, fez a sua escolha, o embate ali ficou marcado, mas é difícil imaginar que esse argumento continue sendo alimentado como se ele fosse minimamente razoável, porque não é. Ele tem condições de fazer uma sondagem, uma conversa, fazer um governo com a cara do Brasil, que não seja a cara do Brasil no sentido de torná-lo apenas mais colorido, mas no sentido de reconhecer que realmente os tempos são outros e esse passo precisa ser dado. Ele não vai ser dado sem esforço, ele não vai ser dado sem verdadeiramente forçar barra.
Tem que forçar a barra a partir do momento em que o país não tem essa cultura, o país não tem essa tradição, o país é marcado por lugares, racialmente falando, que a gente sabe exatamente como é. Então não é razoável a fala do presidente, por mais que eu compreenda que ele funcione em outro tempo, eu acho que ele tem assessoria e informações suficientes para poder fazer com que as coisas sejam diferentes, com que esse argumento não seja mais justificável. Ronilso Pacheco, colunista do UOL
Josias: Lula foi contraditório e omisso ao abordar questão da maconha
Lula quis fazer média com o Congresso e se comportou de forma oportunista em relação ao STF [Supremo Tribunal Federal] após a decisão de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal, afirmou o colunista Josias de Souza. O presidente disse que o consumo de maconha é um tema de saúde pública que deve ser tratado pela ciência, e não pelos Poderes.
Nessa matéria da maconha, o presidente foi contraditório e, em certa medida, omisso. Foi contraditório ao dizer, em outro trecho da entrevista quando fala das desonerações, que gosta da interferência do Supremo. Aí ela é benfazeja e elogiada pelo presidente. No caso da descriminalização da droga, Lula disse que é inapropriado o Supremo se meter nesse assunto.
Em 2006, o Congresso aprovou uma lei que diferencia usuário de traficante. Mas nesta lei os deputados e senadores não definiram o critério desta diferenciação. O que acontece hoje é um desrespeito à Constituição.
Em função desse vácuo legal, a polícia está prendendo os brasileiros flagrados com droga segundo o critério da coloração da pele. O Congresso não forneceu esse critério. O Supremo vai lavar as mãos? Não! A Constituição está sendo desrespeitada. Josias de Souza, colunista do UOL
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