Casa do Pão de Queijo pede recuperação judicial
Alexandre Novais Garcia
Do UOL, em São Paulo
01/07/2024 09h42
A Casa do Pão de Queijo protocolou um pedido de recuperação judicial na última sexta-feira (28). Na ação apresentada na Vara de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª Região Administrativa Judiciária, a rede de cafeterias cita dívida de R$ 57,5 milhões. O pedido inclui a fábrica e as 28 lojas próprias, todas localizadas em aeroportos, sem as franquias da rede.
O que aconteceu
A rede de cafeterias Casa do Pão de Queijo pediu recuperação judicial. A movimentação foi protocolada na Vara de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª Região Administrativa Judiciária. O pedido inclui a fábrica e as 28 filiais próprias situadas em aeroportos, sem as franquias. Em 2008, a rede somava mil pontos de vendas espalhados pelo Brasil.
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Pedido cita dívida de R$ 57,5 milhões da Casa do Pão de Queijo. O protocolo é mencionado pela rede como a "solução para a situação financeira atual, de modo a permitir à direção da empresa honrar todos os seus compromissos". A fábrica, as lojas próprias e as franquias vão manter o funcionamento.
Dívidas trabalhistas somam R$ 244.318 do total, aponta pedido. A maior parcela mencionada na solicitação apresentada à Justiça é referente à classe de credores "quirografário" (sem garantia) e equivalem a R$ 55,89 milhões. O valor de R$ 1,4 milhão restante é referente ao pagamento a micro e pequenas empresas.
Casa do Pão de Queijo pede a manutenção de fornecimento dos serviços. Diante da situação, a companhia admite ter faturas de energia elétrica em atraso e pede para que o juiz responsável pela ação determine que o serviço não seja interrompido. "O corte dos serviços de energia elétrica, em razão do inadimplemento de dívida sujeita à Recuperação Judicial acarretará a paralisação das atividades comerciais", destaca.
Pandemia foi "obstáculo inesperado"
A Casa do Pão de Queijo cita o distanciamento social como a origem dos problemas. No pedido de recuperação, a empresa afirma que o fechamento de lojas a partir de março de 2020 resultou na crise financeira atual. A situação teria ocasionado na perda de produtos estocados e dificultado a quitação dos aluguéis e o pagamentos de funcionários.
Nos três primeiros meses, a empresa registrou uma perda de 97% de seu faturamento, além disso, aquele fatídico ano se encerrou com uma redução total da ordem de 50%.
Pedido de recuperação judicial da Casa do Pão de Queijo
Isolamento é mencionado como fator que barrou o crescimento da rede. Com o avanço da pandemia, a Casa do Pão de Queijo reforça que "crescimento sólido" da empresa, motivado pela ampla circulação de pessoas nos aeroportos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, foi interrompido.
Fabrica também interrompeu as operações em meio à pandemia. A indústria que fornece a matéria-prima para as lojas, localizada em Itupeva (SP), também teve sua atividade suspensa algumas vezes devido às restrições. "Isso resultou em uma perda considerável de produtividade", destaca o pedido de recuperação.
Inundações no Sul
Enchentes no Rio Grande do Sul também prejudicam operação. O cenário adverso também é atribuído ao alagamento do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde estão instaladas quatro de suas 28 filiais. Segundo e empresa, as unidades "eram rentáveis e geravam um fluxo de caixa significativo". O impacto financeiro estimado é de R$ 1 milhão.
Sem previsão de retorno à normalidade, a empresa teve que demitir 55 funcionários, agravando ainda mais a crise.
Pedido de recuperação judicial da Casa do Pão de Queijo
O que é a Casa do Pão de Queijo
A cafeteira foi Fundada em 1967, no centro de São Paulo. Nos anos 80, a empresa focada na comercialização de pão de queijo abriu uma fábrica própria no bairro da Barra Funda e adotou o formato de franquias. Em 2008, a rede somava mil pontos de vendas espalhados pelo Brasil.