Sem risco fiscal, dólar estaria a R$ 5,10, diz gestora
O real é atualmente a quarta moeda que mais perde valor para o dólar. Mas se não fossem os fatores internos - principalmente o risco fiscal - a divisa estaria bem melhor no ranking: em 23º lugar, 19 posições mais bem colocada.
Os dados são da Austing Rating que calculou a posição do real caso a cotação estivesse a R$ 5,10. Esse seria o câmbio atual se o risco fiscal não tivesse aumentado, o governo não tivesse modificado as metas de inflação em abril e não tivesse feito diversas críticas ao Banco Central, segundo cálculos da gestora WHG.
Nesta quarta-feira (3), o dólar fechou em queda de 1,71%, a R$ 5,56, conforme dados preliminares. A Bolsa de Valores de São Paulo terminou o pregão com ganhos de 0,92% a 125.954,26 pontos.
Qual o peso do risco fical?
Sem esses riscos, o real teria perdido no ano 5,1% de seu valor por conta das turbulências externas, segundo a WHG. Mas nesta quarta-feira (3), conforme a PTax (a taxa média diária do dólar, calculada pelo Banco Central), as perdas são de 13,3% desde o começo do ano.
Dos 15% que o dólar subiu este ano, oito pontos são devido a fatores domésticos, cinco por conta de razões internacionais e o restante por motivos difusos. Os cálculos são do economista da gestora, Fernando Fenolio, da WHG.
Se o dólar não tivesse se valorizado globalmente esse ano e sem os problemas fiscais, a moeda americana deveria ser cotada, hoje, a R$ 4,90
Fernando Fenolio, economista da WHG
Mesmo com ventos internacionais fortes, o fator de maior propulsão, segundo ele, é o risco fiscal. "Não estamos no máximo de risco. Já estivemos piores, em 2021 e 2022 e no tempo da Dilma (a ex-presidente Dilma Roussef). Mas estamos em acendencia", diz Fenolio.
Por que a situação fiscal piora o câmbio?
O déficit público é um problema antigo. Nos 30 anos após a implementação do Plano Real, o país teve cerca de 15 anos de contas públicas no azul e 15 no vermelho, segundo Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
O novo, agora, é que o mercado prevê uma piora. "O governo não tem como arrecadar mais. E tem dificuldade para cortar gastos. Ao mesmo tempo, com a calamidade no Rio Grande do Sul, só para dar um exemplo, ele vai ter que gastar mais. Essa conta não fecha", diz o economista.
Como ficaria o ranking?
- Nigéria/naira -42,6%
- Egito/libra -35,8%
- Sudão do Sul/libra sudanesa -29,9%
- Gana/cedi -21,9%
- Japão/iene -12,4%
- Argentina/peso -11,7%
- Seychelles/ rúpia -10,7%
- Turquia/lira -9,2%
- Suíça/franco suíço -7,0%
- México/peso -6,8%
- Chile/peso -6,5%
- Bangladesh/taca -6,4%
- Tailândia/bath -6,3%
- Ucrânia/hryvnia -6,3%
- Colômbia/peso -6,0%
- Coreia do Sul/won -6,0%
- Indonésia/rúpia -6,0%
- Taiwan/novo dólar -6,0%
- Ilhas Mauricio/rúpia -5,6%
- Tanzania/xelim -5,5%
- Hungria/forint -5,2%
- Brasil/real -5,1%
Fonte: Austin Rating com dados da WHG
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