Dólar e Bolsa fecham em alta com decisões do Fed e BC do Japão

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou com ganhos esta quarta-feira (31), com valorização de 1,20% e o Ibovespa indo a 127.649,49 pontos (conforme dados preliminares), depois que o banco central americano deu pistas sobre a possibilidade de cortes de juros em setembro.

O dólar começou o dia em forte alta, acima de 1%, depois que o Banco do Japão (BoJ) subiu sua taxa básica de juros para o maior nível desde 2008. Mas depois abrandou por conta de dados do mercado de empregos nos EUA e terminou o dia subindo 0,66%, em R$ 5,654.

O que aconteceu?

O Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros como já era esperado. Com isso, a taxa americana completa um ano desde que atingiu pela primeira vez a maior alta em 23 anos.

Mas pistas sobre os cortes foram dadas. Autoridades do BC americano escreveram que a inflação dos EUA agora está só "um pouco" elevada — a primeira vez que o Fed usa esse termo. Isso significa que o banco central pode começar a reduzir as taxas de juros já na próxima reunião de política, em setembro. E em coletiva de imprensa após o anúncio desta quarta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que a instituição financeira poderá fazer seu primeiro corte nas taxas de juros "já" em setembro.

A sensação geral do Comitê (Fed) é que a economia está se aproximando do ponto em que seria apropriado reduzir a nossa taxa de juros oficial (...) já em setembro

Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell

O que o mercado achou?

"O Fed reconhece que a inflação desacelerou, mas segue um pouco elevada" , diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. "Além disso, destacou que, nos últimos meses, houve algum novo progresso em direção à meta de longo prazo de 2,0%." Foi um comunicado mais sereno, diz Cristian Pelizza, economista-chefe da Nippur Finance. "A expectativa agora é de um corte de juros em setembro", afirma.

Para a Avenue, que publicou um relatório sobre as declarações de Powell, a autoridade frisa a necessidade de encontrar um equilíbrio. Ou seja, evitar cortar as taxas de juros prematuramente ou estendê-las por muito tempo. Cortar antes, segundo a corretora, "poderia resultar em uma pressão inflacionária persistente". E esperar demais para o corte, "poderia deteriorar ainda mais o mercado de trabalho".

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Weg acelerada

A ação que mais subiu nesta quarta foi a da fabricante de motores elétricos, Weg (WEGE3). A empresa apresentou, antes da abertura do mercado, um balanço que surpreendeu positivamente o mercado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 2,12 bilhões, alta de 15,7% na comparação anual. Assim, WEGE3 fechou o dia com alta de 10,68%, conforme dados preliminares, indo a R$ 50,71.

E o dólar?

Na madrugada, o BC do Japão elevou sua taxa de juros para uma faixa que vai de 0,15% a 0,25% ao ano. Antes, ela ficava entre 0% a 0,1%. Como o país oriental tinha a menor taxa do mundo, muitos investidores captavam dinheiro lá e em seguida, aplicam aqui, com o segundo maior juro do planeta segundo a MoneYou.

Com a alta do juro japonês, essa operação perde rentabilidade e muito capital sai do Brasil. "Isso desvalorizou o real", explica Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais. Por isso o dólar subiu forte em parte do dia nesta quarta no Brasil, enquanto perdeu valor em outros países.

O que segurou essa alta?

Os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. Os EUA abriram, no mês de julho, 122 mil novas vagas de emprego no setor privado. O resultado ficou abaixo da expectativa de 150 mil novos postos de trabalho. Esse dado, mais as pistas do Fed, animaram os mercados e conteve a moeda americana. "Tudo isso dá a entender que os níveis de atividade da economia americana estão arrefecendo e isso ajuda a conter a inflação", diz Ariane.

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