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Bolsa fecha em queda com PIB dos EUA, e dólar vai a R$ R$ 5,62

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/08/2024 10h08Atualizada em 29/08/2024 17h20

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa nesta quinta-feira (29) de 0,95%, indo a 136.040 pontos. Os investidores se desanimaram com o PIB dos EUA e passaram a prever um corte de juros menor por lá. Aqui, depois de altas consecutivas, eles também venderam para realizar lucro.

O dólar teve uma alta forte no mundo todo e no mercado brasileiro fechou com valorização de 1,20%, indo a R$ 5,623. O dólar turismo terminou o dia negociado a R$ 5.839, (venda).

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O que aconteceu

Desde a mínima do mês, em 5 de agosto (123.073 pontos), o Ibovespa vem tendo uma recuperação acelerada. Marcou ontem novo recorde histórico, ultrapassando o patamar de 137.000 pontos no fechamento. Com isso, os investidores aproveitaram o dia para vender e embolsar o lucro dessas últimas altas. "Após alguns dias de um expressivo movimento de alta, o mercado faz mesmo um movimento de realização de lucros", diz Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.

Dados americanos também ajudam o Ibovespa a cair. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos (EUA) foi de 3% no segundo trimestre de 2024 (taxa anualizada). Essa é a segunda leitura do PIB, divulgada nesta quinta-feira, 29, pelo Departamento de Comércio do país. O resultado supera a leitura anterior e a expectativa de analistas, de 2,8%.

Com os sinais de economia aquecida nos EUA, os investidores passam a apostar num corte na taxa de juros americana menor. "Isso não muda o cenário de corte para setembro, mas fica aquela pulga atrás da orelha: será que os Estados Unidos não estão aquecidos demais?", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Indicadores de mercado de trabalho dos EUA engrossaram o caldo. Cerca de 231 mil novos pedidos de seguro-desemprego foram registrados na última semana, um volume ligeiramente inferior ao esperado pelo mercado. "Os dois dados evidenciaram que a atividade econômica dos EUA continua robusta, o que provavelmente levará o Fed a adotar uma postura mais cautelosa no início do ciclo de cortes de juros", diz André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais, se referindo ao Banco Central Americano (Federal Reserve, o Fed).

Quando os juros americanos caem, o dinheiro sai dos EUA e volta a circular por outros mercados, como Brasil. Por isso, um corte menor nos juros desanima os investidores.

Recuperação judicial?

A ação que mais caiu foi a da companhia área Azul (AZUL4), que chegou a tombar 25% durante o dia. A companhia aérea estaria avaliando tanto uma oferta de ações como um pedido de recuperação judicial nos EUA, chamado de Chapter 11, para dar conta de suas dívidas com vencimento de curto prazo, conforme foi noticiado na imprensa.

Com o real mais fraco, as despesas da companhia subiram muito. São R$ 382 milhões de títulos de 2024 a serem pagos este ano, além de US$ 550 milhões a serem pagos nos próximos quatro anos. No fechamento, a baixa foi de 23,03%, com o papel indo a R$ 5,58, conforme dados preliminares.

Dólar sobe forte

O PIB dos EUA também pressionou o dólar a subir. Ele coloca mais força na pressão de valorização da moeda americana que acontece no mundo todo desde segunda-feira (26). Isso acontece para reverter a queda que o dólar sofreu na sexta (23), quando Jerome Powell, presidente do Fed, disse que chegou a hora de cortar os juros. Naquele dia, isso provocou uma baixa forte da divisa americana.

Hoje, o índice DXY, que mede a variação do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, subiu 0,24%, conforme dados preliminares. "Isso mostra que a valorização aconteceu no mundo todo", diz Wagner Varejão economista da Valor Investimentos.

Aqui, a desvalorização tem sido mais acentuada que em outros países emergentes, como o México. "Com o IGP-M abaixo das expectativas do mercado, aumentam as apostas de que o Copom manterá a taxa Selic inalterada na próxima reunião, em setembro", diz Galhardo. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) desacelerou a 0,09% em agosto, ante alta de 0,30% em julho, dentro do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), informou nesta quinta-feira, 29 a Fundação Getulio Vargas (FGV).

O mercado quer uma alta da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Os investidores desejam que a taxa suba para que as operações de "carry trade" continuem rentáveis. Elas acontecem quando se empresta dinheiro no Japão, que tem os menores juros do mundo, para investir o capital aqui, onde a taxa é a alta. O ganho fica na diferença entre os juros.

No Brasil, a Ptax de fechamento do mês também conta. A Ptax do mês será fechada amanhã, último dia de agosto. Ela é uma taxa divulgada pelo Banco Central todo dia às 13h. "É a média das cotações de compra e venda pesquisada junto as mesas de operações das grandes instituições", explica Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio. O fechamento da Ptax é uma taxa média calculada pelo Banco Central que serve de referência para contratos no mercado futuro. Por isso, o dólar deve continuar o movimento de alta nesta sexta-feira (30).

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