Topo

No melhor mês do ano, Bolsa tem maior alta desde 2022; dólar sobe

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/08/2024 10h12Atualizada em 30/08/2024 17h36

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta sexta-feira (30) em queda, mas perto da estabilidade, com baixa de 0,03%, a 136.004 pontos. Desta maneira, a Bolsa teve o melhor mês do ano, com ganho acumulado de 6,57% O Ibovespa também teve o agosto mais rentável desde 2022, quando o oitavo mês daquele ano rendeu 6,4% aos investidores. No total de 2024, o Ibovespa acumula valorização de 1,35%. Os dados são da Economatica.

A moeda americana fechou o dia em alta, mesmo com o leilão de dólares feito pelo BC no começo do dia. A divisa subiu pelo quinto dia consecutivo, valorizando 0,17%, sendo negociada a R$ 5,633. No mês, o ganho acumulado é de 0,74%. O dólar turismo terminou agosto vendido a R$ 5,861.

Relacionadas

O que aconteceu

Tudo isso aconteceu depois que dados da economia americana passaram a apontar para uma queda nos juros em setembro. Na semana passada, o presidente do Federal Reserve, o Fed (banco central dos EUA), Jerome Powell disse que chegou a hora de cortar os juros.

Desde o início do ano, mercados do mundo todo esperam por esse corte. Quando os juros estão altos nos EUA, como agora, os investidores mantêm seu dinheiro no Tesouro Americano. Com o corte, espera-se que eles busquem melhores rendimentos em Bolsas dos Valores de vários países, principalmente de mercados emergentes, como o Brasil.

Como foi o desempenho da Bolsa até agora?

  • Janeiro -4,8%
  • Fevereiro +1,0%
  • Março -0,7%
  • Abril -1,7%
  • Maio -3,0%
  • Junho +1,5%
  • Julho +3,0%
  • Agosto + 6,57%

Fonte: Economatica

O que mudou?

O fluxo de investidores estrangeiros se inverteu. Ele estava negativo e voltou a ficar positivo nos últimos meses. Agosto teve um saldo positivo de R$ 14 bilhões, principalmente em ações à vista, conforme dados divulgados pelo Bank of America (BofA). Em julho, a entrada havia sido de R$ 13 bilhões. Em 2024, os fluxos estrangeiros ainda permanecem negativos em R$ 21 bilhões.

Quais ações mais ganharam*?

  1. IRB Brasil (IRBR3) 64,53%
  2. Petz (PETZ3) 42,97%
  3. Lojas Renner (LREN3) 29,64%
  4. Marfrig (MRFG3) 28,19%
  5. Bradesco (BBDC4) 25,23%
  6. Bradesco (BBDC3) 25,25%
  7. BRF (BRFS3) 22,90%
  8. Minerva (BEEF3) 19,42%
  9. Pão de Açúcar (PCAR3) 18,17%
  10. Rede D'Or (RDOR3) 15,61%

*de 1 a 30 de agosto, conforme dados preliminares

Por que IRB subiu tanto?

O lucro da resseguradora mais do que triplicou no segundo trimestre, chegando a R$ 65,2 milhões. Isso acontece quatro anos após a descoberta de fraudes que fizeram a ação perder mais de 90% do valor.

As outras ações subiram por conta da valorização do dólar. É o caso de empresas exportadoras, como BRF e Minerva. As demais são companhias descontadas, que ganham com uma perspectiva de juros mais baixos, como as varejistas.

E como foi o último dia do mês?

O Banco Central realizou pela manhã um leilão de venda de dólar no mercado à vista de até US$ 1,5 bilhão. Foram R$ 8,43 bilhões, na cotação atual. O último movimento semelhante ocorreu em abril de 2022. O objetivo era conter uma escalada maior da moeda americana. É o que diz Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de Câmbio.

Havia a previsão de uma saída de aproximadamente US$ 1 bilhão do país. Isso porque ações de companhias brasileiras listadas em Bolsas estrangeiras entrarão no índice MSCI Brazil a partir de segunda-feira (2). Dentre elas estão Nubank, Stone, PagBank e XP, que farão parte do MSCI, sigla para Morgan Stanley Capital International, um dos principais índices de referência para investidores que aplicam em Bolsas de Valores internacionais.

O Banco Central está agindo preventivamente com este leilão para mitigar o impacto esperado no câmbio decorrente dessa saída de recursos
Douglas Ferreira, diretor da mesa de câmbio da Planner Investimentos

O mercado viu a ação do BC com bons olhos. "Foi um lote bem grande e isso sinaliza uma mudança na postura do BC, que tem reservas de R$ 350 bilhões", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Mas por que o dólar subiu mesmo assim?

Porque ele continuou se valorizando no mundo todo hoje. A questão, segundo Christiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank, foi o dado da inflação americana que saiu pela manhã. A inflação dos EUA cresceu 0,2% em julho em relação a maio. E teve alta de 2,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, em linha com as estimativas do mercado.

O problema é que, baseado nesse crescimento mais tímido o Fed pode fazer um corte menor de juros. "Então, embora o BC brasileiro tenha feito o leilão de dólares, aparentemente não foi suficiente para conter a alta porque o índice de inflação reforça a hipótese de que o banco central dos EUA deve baixar os juros em 0,25 pontos percentuais e não em 0,50 pontos. Isso fortalece a moeda americana", diz a economista.

Dívida pública sobe

Outro dado que influenciou negativamente a Bolsa e o dólar foi o resultado fiscal do setor público. Em julho, a dívida pública bruta do Brasil subiu para 78,5% do PIB, contra os 77,8% do mês anterior, conforme mostraram dados do Banco Central nesta sexta-feira.

O déficit ficou muito além das expectativas. "A arrecadação tem se mostrado forte, mas os riscos fiscais continuam elevados, considerando o crescimento de gastos obrigatórios acima do limite definido no arcabouço fiscal", publicou o Itaú BBA.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

No melhor mês do ano, Bolsa tem maior alta desde 2022; dólar sobe - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Economia