Criador do garoto Bombril e da Democracia Corinthiana, Olivetto morre no RJ
Renato Pezzotti
Colunista do UOL
13/10/2024 17h59Atualizada em 13/10/2024 22h51
O publicitário Washington Olivetto morreu hoje (13), aos 73 anos. Ele estava internado no hospital Copa Star, no Rio, após complicações em uma cirurgia no pulmão.
Criador de comerciais memoráveis, como o primeiro sutiã de Valisère e cachorrinho da Cofap, Olivetto era um dos maiores nomes da propaganda brasileiro e um dos publicitários mais premiados de todos os tempos.
Ele deixa três filhos: Homero e o gêmeos Antônia e Theo.
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Olivetto nasceu em São Paulo, em 1951. Apesar de ter feito faculdade de publicidade na FAAP, não concluiu o curso. Iniciou sua carreira profissional em 1969, aos 18 anos.
Em 1974, já na agência DPZ, ganhou o primeiro prêmio Leão de Ouro brasileiro no Festival de Publicidade de Cannes, com o comercial 'Homem com mais de quarenta anos'.
Foi na DPZ, também, que Washington fez dupla com o diretor de arte Francesc Petit. Lá, criaram o icônico garoto-propaganda da Bombril, que acabou nas páginas do Guiness Book como o garoto-propaganda de maior tempo de permanência no ar.
Depois de deixar a DPZ, se associou à agência de publicidade suíça GGK. Em 1986, ao lado dos sócios Gabriel Zellmeister e Javier Llussá Ciuret, passaram a ter o controle total da empresa, que mudou de nome e virou W/Brasil, uma das agências de publicidade mais conhecidas do mundo.
Na W/Brasil, Olivetto foi responsável pela criação de vários comerciais icônicos, entre eles os filmes para a fabricante de sapatos Vulcabras, o cachorro da Cofap e o casal Unibanco, entre outros.
Os filmes Primeiro Sutiã (1987), para a Valisère, e Hitler (1988), para a Folha de S.Paulo, são os únicos comerciais brasileiros a constarem na lista mundial dos 100 maiores comerciais de todos os tempos.
Em maio de 2010 a W/ se uniu ao grupo McCann. No final de 2017, se mudou para Londres com a família e foi consultor criativo da McCann Europa, baseado na sede inglesa, até 2019.
O reconhecimento público de seu trabalho inspirou duas canções de Jorge Ben Jor: "Alô Alô W/Brasil" e "Engenho de Dentro".
Em 2015, foi escolhido como o primeiro não anglo-saxão da história a entrar para o "Creative Hall of Fame", do The One Club.
Corinthians e podcast
Olivetto publicou recentemente seu 6º livro: 'Só os Patetas jantam mal na Disney'. É ainda autor de 'Corinthians, É Preto no Branco', 'Os piores textos de Washington Olivetto', 'Corinthians x Os Outros', 'O Primeiro a Gente Nunca Esquece' e 'O que a vida me ensinou'.
Washington era corintiano e um dos criadores, em 1981, do movimento que ficou conhecido como Democracia Corinthiana, quando era vice-presidente do clube.
Em 2013, a escola de samba Gaviões da Fiel o homenageou em seu desfile de Carnaval, cujo tema foi a história da publicidade brasileira.
Nos últimos anos, se dedicou a uma série de entrevistas: o W/Cast, que teve 3 temporadas, um podcast com histórias sobre a publicidade brasileira. Era colunista do jornal O Globo e da rádio CBN.
Em 2020, Olivetto foi entrevistado pelo podcast UOL Mídia e Marketing, em comemoração ao 50º episódio do programa. Ouça aqui.
53 dias em cativeiro
Em dezembro de 2001, Olivetto foi sequestrado por criminosos chilenos e argentinos. Ele foi levado para uma casa no Brooklin e ficou 53 dias em cativeiro.
Os sequestradores pediram um resgate de R$ 10 milhões, que nunca foi pago. O caso foi solucionado pela polícia, que prendeu seis sequestradores. O mentor do crime foi o chileno Norambuena, ex-guerrilheiro que havia fugido de uma prisão na capital do país, Santiago.
Em 2019, Norambuena foi extraditado para o Chile. No ano passado, ele entrou com um processo contra o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos por ter ficado 5 anos detido em um Regime Disciplinar Diferenciado (prisão solitária).