Bolsa fecha em baixa, mesmo com alta da Vale, e dólar vai a R$ 5,70
Lílian Cunha
Colaboração para o UOL
25/10/2024 10h39Atualizada em 25/10/2024 17h22
A Bolsa de Valores de São Paulo oscilou o dia todo em torno da estabilidade nesta sexta-feira (25), mas fechou em queda de 0,13%, com o Ibovespa indo a 129.893 pontos. O baixo volume de negociação foi a marca do pregão, com R$ 18 bilhões, conforme dados preliminares — bem menor que média diária de 2024, de R$ 23,4 bilhões. Os investidores estão em compasso de espera pelo pacote de corte de gastos que deve ser divulgado após as eleições.
O dólar, por sua vez, teve alta forte de 0,74%, indo a R$ 5,705. O dólar turismo ia a R$ 5,92. O medo de que Donald Trump vença as eleições nos Estados Unidos ainda pressiona a moeda. E isso também acaba amassando a Bolsa.
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O que aconteceu
As ações da Vale (VALE3) foram o destaque deste pregão. A mineradora teve queda no seu lucro líquido do terceiro trimestre, mas o mercado gostou. Os US$ 2,412 bilhões ficaram 15% abaixo do que o registrado entre julho, agosto e setembro de 2023 e 13% inferior na comparação com o segundo trimestre.
Tudo culpa da desaceleração da economia chinesa. O minério de ferro abaixo dos US$ 100 por tonelada afetou o resultado, mas foi parcialmente compensado pela produção recorde, a maior desde o quarto trimestre de 2018.
Embora ruim, o resultado veio bem acima do que se esperava. O lucro acabou ficando 41% acima do previsto pelo mercado, que era de US$ 1,709 bilhões. Além disso, o minério de ferro fechou hoje em alta de 2,81% em Dalian, na China. Por isso, VALE3 — que responde por 11,32% do Ibovespa — disparou para R$ 61,91 com ,alta de 3,70%,conforme dados preliminares.
Mariana
O governo federal formalizou por volta das 12h desta sexta o acordo de R$ 170 bilhões para reparação de danos decorrentes do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG). O ponto central é o pagamento de R$ 132 bilhões em recursos novos pelas empresas envolvidas na tragédia. A barragem do Fundão estava sob a responsabilidade da Samarco - controlada pelas mineradoras Vale (brasileira) e BHP Billiton (anglo-australiana).
Foram quase nove anos para chegar a esse entendimento. O rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos. O acordo extinguiu 146 ações judiciais e 15 inquéritos civis, segundo documento.
Mas o dólar...
A escalada da moeda americana continuou agressiva nesta sexta, o que também acabou deprimindo uma possível alta do Ibovespa. O mercado teme que a inflação possa voltar nos EUA se Trump vencer as eleições no dia 5 de novembro. Trump prega um crescimento mais robusto da economia dos EUA, com mais tarifas de importação sobre os produtos estrangeiros — o que impulsionaria a alta de preços. Consequentemente, haveria taxas de juros mais elevadas no caso de ele ganhar a eleição. Isso afasta investidores de Bolsas emergentes, como o Brasil.
A alta do dólar também pressiona a curva de juros — que são as taxas que o mercado projeta. "Quando o dólar sobe, aumenta a expectativa de inflação, e o mercado começa a precificar uma necessidade maior de ajuste na taxa Selic. A possibilidade de uma alta de 75 pontos base na próxima reunião do Banco Central acaba ficando mais próxima, ainda mais com as projeções de inflação desancoradas", explica Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital. E juros maiores afastam os investidores da Bolsa. A renda fixa passa a ser mais atrativa.
Mais balanço
Outro fator que ajudou hoje foi o balanço da Usiminas (USIM5). A companhia teve lucro líquido de R$ 185 milhões no terceiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 166 milhões reportado no mesmo período de 2023. Também teve lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) de R$ 426 milhões. No terceiro trimestre do ano passado, o indicador ficou negativo em R$ 20 milhões.
Destaque de alta
A ação que mais subiu foi a da operadora de turismo CVC (CVCB3), com 5,56% de alta, e preço a R$ 2,09, conforme dados preliminares. É o maior preço desde agosto. "O mercado parece estar se preparando para o balanço da companhia, previsto para 12 de novembro. Mesmo com dificuldades recentes, a empresa mostrou avanços significativos no segundo trimestre, como redução do endividamento, aumento das vendas e abertura de novas lojas", diz Iarussi.