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Transformação digital pode ser alavanca de inclusão no mundo, diz Siemens

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/11/2024 12h00

O argentino Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil, afirma que a transformação digital pode ser uma alavanca de inclusão no mundo. Ele foi convidado do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.

"Você pode ter uma pessoa no meio do Piauí que está vendendo uma tecnologia, um produto, para qualquer lugar do mundo, através de um meio tecnológico, digital. Ou pode ser uma alavanca para maiores diferenças sociais. Porque se há regiões que não conseguem acompanhar o desenvolvimento tecnológico, digital, essas distâncias serão aumentadas. É crítico que isso seja pensado da forma correta. Que a transformação digital seja um vetor de inclusão social", declara.

A Siemens tem sede em Munique (Alemanha). É uma empresa global de tecnologia que atua nos setores de indústria, infraestrutura, transportes e saúde. Atualmente, está presente em 190 países. A empresa alemã se instalou definitivamente no Brasil em 1905, ao criar a Cia. Brasileira de Electricidade Siemens-Schuckertwerke, com sede no Rio de Janeiro. Mas as atividades da Siemens no Brasil haviam sido iniciadas em 1867, com a instalação da primeira linha telegráfica do país, que ligava o Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.

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Propostas do B20

Fava é co-chair (copresidente) das propostas do B20, para a transformação digital. O B20 é o braço de negócios do G20 (que reúne os países com as maiores economias do mundo). O B20 são as propostas que as empresas fazem para os governos do G20.

As propostas do B20 se concentraram em três pilares. O primeiro é a conectividade segura e disponível para todos.

A possibilidade de uma pessoa estar conectada permite a ela ter voz. Que se não tem conexão, ela praticamente é como se não existisse no mundo de hoje.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil

Os outros pontos são a segurança cibernética e a inteligência artificial. "Como fazer com que a inteligência artificial seja bem aplicada, de forma responsável, e que ela seja de fato geradora de valor para a sociedade", diz ele.

Enfocamos nesses três fatores, e agora vem a parte de 'advocacy'; de alguma forma 'vender' para que realmente essas mensagens cheguem para os nossos governos e considerem essas propostas quando forem criadas leis.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil

Potencial da inteligência artificial

"O que dá para fazer com inteligência artificial é uma transformação que a gente ainda tem que entender. Dá para fazer muita coisa", diz Fava, que fala sobre as transformações disruptivas do dia a dia e para o futuro.

Ele dá o exemplo de uma linha de montagem de algum produto. "Hoje, uma linha de montagem de qualquer produto, é uma linha. E isso foi desenvolvido por Henry Ford no início do século passado. Será que uma montagem não é mais eficiente, se você consegue fazer um sistema caótico em que o produto que você está montando, está produzindo, escolhe as fases da produção por onde ele vai passar? Essa é uma expressão de como uma inteligência artificial poderá ser aplicada para fazer um processo de alguma forma disruptivo, uma transformação absolutamente disruptiva. Isso é muito para o futuro", afirma.

Mas existem disrupções no dia a dia. "Através de inteligência artificial, você consegue aplicar na indústria controle de qualidade por imagem. Se um produto foi produzido da forma certa, se o pneu é o pneu adequado que está colocado no carro ou não. A inteligência artificial, a partir da imagem, detecta se esse componente é ou não é o correto", diz.

Outro exemplo é a IA ser usada para procurar falhas nas infraestruturas, como queda de uma rede elétrica. "Para prevenir ou prever uma falha em uma indústria, você consegue traçar gráficos de tendência que a inteligência artificial consegue identificar como vai se comportar uma tecnologia que está aplicada e funcionando no lugar. Imagine um motor, uma bomba. E em que momento esse motor, essa bomba, possa ter uma falha. Então, você prediz o momento em que precisa fazer uma intervenção", diz.

Existe sempre o lado social. Vamos perder empregos? Seguramente. Mas sempre vão acontecer novas oportunidades de emprego para novas pessoas. E a forma da gente estar sempre na vanguarda tecnológica para agregar valor aqui dentro do Brasil.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil

Companhia tem áreas 'brazucas'

Fava diz, na entrevista, que existem áreas 'brazucas' dentro da companhia. Entre elas, estão a área de pesquisa e desenvolvimento para o mercado de processamento de carnes e um centro de pesquisa de redes elétricas.

Ele falou ainda sobre as áreas de atuação da empresa, como a de automação na indústria. "A gente é muito forte aqui no Brasil. Nós atuamos tanto em indústrias de manufatura quanto em indústrias de processo. Quando falo em manufatura, uma produção de um carro, uma indústria eletrônica é manufatura. Já uma indústria de processo é uma planta química, uma petroquímica e demais", afirma.

Brasil poderá ser o centro industrial sustentável

Fava diz que o Brasil tem uma "oportunidade gigante nas mãos de ser o centro industrial sustentável do mundo". "Ninguém está no patamar que a gente está. Provavelmente muitos países vão chegar ao longo do tempo. Mas essa eletrificação totalmente sustentável, hoje nós temos que aproveitá-la", afirma.

O Brasil está recebendo investimentos. Nós hoje temos energia disponível, mas precisamos cada vez mais investimentos desse tipo para conseguir trazer mais agregação de valor no Brasil. E tem que ser sustentável. Esse marco [regulação do mercado de carbono] nos ajudaria muito a promover investimentos.
Pablo Fava, presidente da Siemens Brasil

Veja a entrevista completa