Brasil está entre os países com jornada mais excessiva, destaca advogada
Colaboração para o UOL
12/11/2024 12h58
O Brasil tem uma herança de exploração no trabalho e uma jornada de trabalho que está entre as maiores do mundo, com total de 44 horas semanais, destacou a advogada trabalhista e professora da PUC/RJ, Fernanda Perregil, ao UOL News desta terça (12).
Uma Proposta de Emenda à Constituição, apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) busca extinguir a jornada 6x1 e tem levantado debates pelo país.
A gente tem, sim, no Brasil uma herança de um trabalho de exploração, dessa precariedade que a gente vê agora, que é uma coisa terrível. Mas quando a gente compara o Brasil com outros países, em termos de jornada, a gente vê que o Brasil está entre os países com uma jornada mais excessiva. A gente tem 44 horas semanais. A gente pega outros países como a China, que tem um trabalho ainda mais intenso, onde a jornada é de 48 horas. E a gente foge do modelo europeu, que lá a média é de 37 horas.
A grande verdade é que há uma relação entre poder aquisitivo e jornada de trabalho. Então, os economistas até relacionam que quanto maior o poder aquisitivo da população, há uma sensível diminuição dessa redução da jornada de trabalho. Então, a gente precisa melhorar também a condição de vida pessoal das pessoas trabalhadoras no Brasil.
Fernanda Perregil, advogada trabalhista
No entanto, a advogada avalia que uma proposta que estabeleça 40 horas semanais de trabalho é mais viável do que uma de 36 horas.
Já há algumas convenções coletivas, que é com o sindicato, reduzindo para 40 horas, o que você teria normalmente em uma escala de 5x2. Ou seja, trabalho cinco dias na semana.
Acho que [com jornada de] 36 horas a gente chegaria no padrão Alemanha, França e alguns países da Europa. Acho que a gente não está ainda nesse patamar econômico, a gente precisa crescer muito. A gente tem o achatamento do salário. A gente tem um problema gravíssimo, que são as plataformas digitais, que até agora tem todo esse questionamento do vínculo. A gente tem reclamação constitucional no STJ discutindo se é PJ ou CLT.
Eu acho que essas 36 horas vão ajudar a discutir o assunto, trazer o assunto a discussão. Mas acho que hoje no Brasil é um pouco inviável.
Fernanda Perregil
Sakamoto: Nikolas passa recibo e mostra 6x1 como derrota do extremismo
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sentiu as críticas por se posicionar contra o projeto que discute o fim da escala de trabalho 6x1 e agora tenta mudar o foco do debate, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News.
Nikolas sentiu pesadamente a crítica. É extremamente interessante como parte da extrema direita está passando um recibo muito grande por conta dessa discussão, que tomou o tamanho que tomou exatamente por atingir conservadores, progressistas, direita e esquerda.
Independentemente das diversas identidades e condições da maior parte da população brasileira, somos todos trabalhadores e estamos sob a mesma matriz de problemas. Esse tema ajudou uma parte significativa da esquerda a lembrar que a pauta do trabalho e das condições mínimas de qualidade de vida pega todos.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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