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Dólar fecha em alta após leilão; Bolsa vira e sobe com falas de Haddad

Último leilão de linha feito pelo BC foi em 20 de janeiro de 2023 Imagem: Rick Wilking/Reuters

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

13/11/2024 10h27Atualizada em 13/11/2024 18h29

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou praticamente estável nesta quarta-feira (13). O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, passou o dia em queda e só amenizou a baixa quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, por volta de 16h, que o impacto fiscal do pacote será "expressivo" e que a ideia do conjunto de medidas é fazer rubricas do Orçamento se enquadrarem na regra de crescimento de despesa do arcabouço fiscal.

O dólar terminou o dia em alta. O leilão de dólares do Banco Central, no qual foram vendidos US$ 4 bilhões, não teve força para diminuir a desvalorização do real.

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O que aconteceu

A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 0,03% nesta quarta (13). O Ibovespa terminou o dia aos 127.733 pontos.

O dólar comercial fechou com valorização de 0,36%, vendido a R$ 5,79. O turismo subiu 0,65%, para R$ 6,030.

O Banco Central fez os leilões por volta do meio-dia, com base na taxa de referência (Ptax) de R$ 5,7439. Tradicionalmente, nos finais de ano, o BC realiza leilões porque a demanda por dólares no Brasil aumenta, uma vez que as multinacionais fazem remessas para suas sedes. No fim do ano passado, porém, o BC não realizou leilões de linha, porque não identificou necessidade de ofertas extras. O último leilão de linha feito pelo BC foi em 20 de janeiro de 2023, quando foram ofertados um total de US$ 2 bilhões.

Mas por que o dólar não caiu com os leilões?

O leilão teve recompra garantida e foi por isso que não houve efeito no câmbio. "Você vende o dólar, mas já com a garantia de que comprará ele novamente. Então a moeda sai no dia da liquidação da posição do Banco Central, mas voltará mais para frente. Haveria um maior efeito caso o governo vendesse parte de sua reserva cambial sem compromisso de recompra", diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio. "Além disso, com toda a incerteza fiscal e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o mercado continua apostando na compra de dólar como investimento", completa ele.

O novo governo americano, que toma posse em 20 de janeiro. Mas antes mesmo disso, o dólar tem se valorizado porque o mercado prevê que medidas como a extradição de imigrantes ilegais e tarifas de comércio internacional trarão inflação para os americanos. Consequentemente, os Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deve voltar a subir os juros para conter os preços. E, quanto os juros dos EUA aumentam, sobe também a rentabilidade do Tesouro americano. Isso faz mais dinheiro ir para a aplicação e a moeda local acaba se valorizando.

No mercado nacional, também ainda há muito pessimismo. "Expectativas inflacionárias seguem no radar", diz Marcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX Banco de câmbio.

A alta no volume de serviços prestados, que cresceu 1% em setembro ante agosto, alimenta essas expectativas. O dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira é positivo, mostra aquecimento da economia. Mas os investidores leem que crescimento econômico se traduz em mais consumo, mais inflação e, portanto, mais juros — o que afasta os investidores da Bolsa e os leva para o dólar e a renda fixa.

E os cortes de gasto?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, por volta de 16h, que não sabe se há tempo hábil para o governo anunciar nesta semana o conjunto de cortes de gastos. Ele ressaltou que a apresentação será feita quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizar.

Em entrevista a jornalistas, o ministro afirmou que o impacto fiscal do pacote será expressivo e que a ideia é fazer rubricas do Orçamento se enquadrarem na regra de crescimento de despesa do arcabouço fiscal. No momento em que fez essa declaração, o Ibovespa mudou de direção e passou a ter ligeira alta.

Mais importante do que o número, que é expressivo e na opinião da Fazenda reforça o nosso compromisso de manter as regras fiscais estabelecidas desde o ano passado, é o conceito que nós utilizamos para fazer prevalecer essa ideia de que as rubricas devem todas elas, na medida do possível, ir sendo incorporadas a essa visão geral do arcabouço para que ele seja sustentável no tempo
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Aprovado em 2023, o arcabouço fiscal permite que os gastos primários do governo federal cresçam no máximo 2,5% acima da inflação por ano, respeitando um ritmo de até 70% da alta das receitas. O ministro disse ter discutido nesta quarta linhas gerais das iniciativas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele também debateu com o Ministério da Defesa. Segundo ele, o governo está avaliando se consegue incluir mais medidas no pacote a ser enviado ao Congresso Nacional.

Com Reuters e Agência Estado

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