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O que está por trás da crise do Carrefour com o agronegócio brasileiro

Imagem: Rainer Fuhrmann / EyeEm

Do UOL, em São Paulo

26/11/2024 10h21

A rede de supermercados Carrefour publicou uma carta de retratação após a polêmica envolvendo a carne produzida no Mercosul. O tema tem como pano de fundo as discussões em torno de um acordo de livre comércio cujas negociações já duram mais de duas décadas e entram agora em reta final.

Entenda a polêmica

O CEO global do Carrefour disse que não venderia carnes do Mercosul. Alexandre Bompard, divulgou na quarta-feira (20), um comunicado em que afirma que a varejista se compromete a não vender carnes do Mercosul. O texto gerou boicote de frigoríficos e restaurantes brasileiros ao Carrefour no Brasil e reações do ministério da Agricultura.

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Anúncio aconteceu em meio a protestos de agricultores franceses contra acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Eles dizem que o acordo abre uma concorrência desleal da carne brasileira e argentina no mercado francês. Isso porque os padrões sociais e ambientais exigidos pelo bloco para a produção agropecuária não se aplicariam aos parceiros comerciais, permitindo a entrada de alimentos mais baratos.

No final de outubro, a Danone, outra gigante francesa, já havia anunciado que pararia de comprar soja brasileira. O anúncio foi feito à agência Reuters e depois desmentido internamente, mas a situação não ficou resolvida. O Greenpeace também organiza um abaixo-assinado com 150 mil nomes, pedindo que o Parlamento francês vote uma moção de censura contra a UE por conta do acordo.

Acordo na reta final

Negociações por acordo já duram 24 anos e estão na reta final. Após anos de negociações, as tratativas estão em momento decisivo e o acordo pode sair em breve. Conforme informou o colunista do UOL Jamil Chade, diplomatas da União Europeia e Mercosul iniciam nesta terça-feira (26) o que pode ser a rodada final de tratativas para tentar fechar o acordo.

O pacto criaria um mercado integrado com cerca de 800 milhões de habitantes. O acordo pretende eliminar tarifas de importação sobre mais de 90% dos bens da UE exportados para o bloco sul-americano. Permitiria também aos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) aumentarem suas cotas de entrada na UE de carne bovina, aves, suínas, assim como de mel, açúcar e outros produtos.

O processo ocorre num momento de tensão, com protestos de agricultores em diversos países. As principais organizações agropecuárias de França, Alemanha, Espanha e Itália se posicionaram contra a negociação de um acordo entre a UE e o Mercosul.

França se opõe ao acordo, disse o presidente Emmanuel Macron. Em visita recente à Argentina, ele afirmou que não acredita que a Comissão Europeia vá concluir as negociações com o Mercosul sem o apoio da França. O governo da Polônia também já se posicionou contra o acordo.

Alemanha, Espanha, os países escandinavos e Portugal são os principais aliados do Brasil na busca por um acordo. Já a Itália hesita entre uma postura protecionista e a ambição por não perder mercados para a China para suas máquinas, equipamentos e carros.

Com informações da AFP.

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