Mais de 20% dos brasileiros vivem em lares alugados, mostra Censo
Alexandre Novais Garcia
Do UOL, em São Paulo (SP)
12/12/2024 10h00
O Brasil tem 42,2 milhões de brasileiros que residem em domicílios alugados, segundo dados do Censo Demográfico de 2022 divulgados nesta quinta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O total representa 20,9% dos moradores de lares locados e confirma a tendência de alta apresentada pela coleta da década anterior, quando o percentual passou de 12,3% para 16,4%.
O que aconteceu
Cresce a tendência de moradias alugadas no Brasil em 22 anos. As duas décadas iniciais do Século 21 marcam a reversão da tendência de queda acentuada observada entre 1980 e 2000. Com o avanço, o patamar de residentes em lares locados passou de 12,3% para 20,9% no período.
Moradias alugadas reúnem 42,2 milhões de brasileiros. O número representa 20,9% do total de moradores de residências particulares permanentes. Com o aumento, o resultado aparece 1 ponto percentual acima do nível observado no Censo de 1980 (19,9%). No Censo anterior, realizado em 2010, o domicílio alugado correspondia a 16,4% dos lares.
Domicílios alugados são mais frequentes entre pessoas que moram sozinhas. No conjunto de lares unipessoais, aqueles de um só morador, atingiu 27,8% em 2022. Também é maior do que a média o percentual de locações nas residências com presença de crianças de 0 a 14 anos e de duas pessoas com 15 anos ou mais (25,9%).
Censo mostra que 146,9 milhões residem em domicílios próprios. O percentual, que representa 72,7% das moradias, é dividido entre imóveis pagos de propriedade de algum morador (63,6%) e domicílios próprios dependentes de quitação (9,1%). Ambos os modelos aumentaram a participação entre 1980 e 2000 (de 64,6% para 76,8%) e recuaram nas décadas seguintes.
Imóvel "cedido ou emprestado" abriga 5,6% dos brasileiros. A condição de ocupação é dividida entre aqueles autorizados a residir em lares de propriedade de familiar (3,8%) ou do empregador (1,2%). O percentual recuou nos últimos 40 anos, passando de 13,9%, em 1980, para os 5,6% em 2022.
Regiões
Residência em imóvel próprio predomina em todo o Brasil. A maior proporção de moradores nessa condição é verificada na região Norte (72,1%), localidade com o menor percentual de residentes em domicílios alugados (14,9%). Por outro lado, a menor proporção de habitantes em domicílio próprio foi verificada no Centro-Oeste (51,7%).
Estado de Goiás é o único no qual os imóveis próprios não são predominantes. A condição predominante em 26 das 27 Unidades da Federação integra 49,8% da população do estado. O Maranhão, por sua vez, é o estado com a maior proporção da população residindo em domicílios particulares (78,9%). Já as locações são mais comuns no Distrito Federal (30,1%) e mais raras no Piauí (9,8%).
Minha Casa Minha Vida influencia situação em alguns municípios. Ainda que o percentual de residentes em domicílios próprios com pagamentos pendentes não seja majoritário em nenhuma cidade, o patamar supera 40% em Extremoz (RN), Valparaíso de Goiás (GO) e Fazenda Rio Grande (PR). Os locais são marcados por grandes empreendimentos do programa habitacional.
Entre as grandes cidades, Cametá (PA) é destaque, com 91,9% de moradias próprias. Na avaliação apenas dos municípios com mais de 100 mil habitantes, a cidade é também aquela com menor volume de residentes em domicílios alugados (3,1%). Nessa comparação, a proporção mais elevada é verificada em Balneário Camboriú (SC), com 45,2% dos residentes na condição.