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Comércio cresce entre 5,5% e 8% em 2024 e deve sofrer desaceleração em 2025

Varejo teve crescimento em 2024 Imagem: Marlon Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

03/01/2025 05h30

O setor do comércio e varejo comemora um ano de 2024 com crescimento, mas prevê um 2025 com desaceleração no nível de consumo da população brasileira, maior restrição ao crédito e menor poder de compra.

Os números finais do faturamento do comércio brasileiro no ano encerrado na terça-feira (31) só vão sair em fevereiro, mas as projeções das organizações do setor e de analistas ouvidos pelo UOL apontam um crescimento em 2024 de 5,5% a 8% em relação a 2023.

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Para a CNC (Confederação Nacional do Comércio), o crescimento do varejo em 2024 deve fechar em torno de 5,5%. Entre os fatores que impulsionaram este crescimento estão o aumento do emprego formal, maior acesso das pessoas ao crédito e a renda.

"O ano de 2024 foi bom para o varejo, mas foi abaixo do que poderia ter sido", avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC. "O comércio varejista é um setor que vai muito bem quando a economia está aquecida. Se as famílias estiveram com emprego, acesso a crédito, renda, assim o varejo vende. É muito dependente do crédito, e tivemos uma liquidez muito grande de crédito de vareja física."

Fabio Pina, assessor econômico da Fecomercio/SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo) diz que com o incremento das vendas da Black Friday, em novembro, e do Natal, em dezembro, o varejo vai ter registrado um crescimento de 7% a 8% em 2024. "As vendas de dezembro impulsionaram o faturamento do varejo porque as pessoas estavam com o 13° no bolso", diz Pina.

Entre os itens que mais cresceram estão os de farmácia, com 14,9%, supermercados e hipermercados, com 5,2%. "São os itens prioritários no orçamento da família", explica Tavares. . foi o que vendeu muito em 2024 e irá bem 2025. Tem uma prioridade no orçamento da família. Quem paga é o resto que perde dinheiro no faturamento. Também apresentaram um grande crescimento no faturamento a venda de veículos, motocicletas e peças da indústria automobilística, com 14,4%, muito impulsionado pela euforia com o mercado de veículos elétricos.

Daniel Arruda, economista da consultoria LCA 4intelligence, diz que os número de 2024 refletem um cenário de um mercado de trabalho aquecido, taxa de desemprego baixo, e do crescimento real do salário mínimo. "No início do ano houve uma oferta maior de crédito, e a Selic estava em uma trajetória mais favorável", lembra o economista. Ele destaca ainda a medida do governo federal em taxar produtos importados de até US$ 50 a partir de agosto, a chamada "taxa das blusinhas". "Isso limitou as importações e favoreceu o comércio doméstico."

2025 mais comedido

Para o ano que se inicia, as projeções do setor são de uma queda no nível de crescimento.

Isabel Tavares, economista da consultoria Tendências, calcula que o varejo terá um crescimento entre 1,9% e 2%. "Vai haver uma desaceleração ao londo do ano e redução no ritmo de crescimento e desaceleração a partir do segundo semestre de 2025", afirma a economista. "Esse cenário considera piora nas condições financeiras, um aumento na taxa das juros, no endividamento nas famílias, maior dificuldade em ofertar crédito, inflação de itens essenciais como alimentos e energia elétrica. Isso limita quanto do orçamento vai para consumo. Teremos desaceleração no mercado de trabalho. Ao longo do ano a geração de vagas de trabalho devem diminuir. Cenário de que ao longo do ano varejo vai perder forças de vendas."

Para Daniel Arruda, a projeção da LCA4Intelligence para o comércio em 2025 é de 1,7% para o restrito e 1,9% para o ampliado. "Será uma desaceleração grande", prevê. Ele vê como fator positivo a nova alta do salário mínimo acima da inflação, que tem impacto positivo para o comércio.

"Outro fator relevante é a taxa de juros. Banco Central elevou Selic para 12,25%. Nossa expectativa é que a Selic vai caminhar para 15% até meados do ano. Caso isso se concretize teremos impacto forte na concessão de crédito para as famílias. Dados mostram que endividamento ainda está alto. Boa parte das famílias vão cortar o consumo."

Para Fabio Pina, da Fecomercio/SP, não haverá um crescimento no nível de emprego em 2025 como ocorreu em 2024. Ele prevê dois cenários. No primeiro, se o governo não fizer um ajuste fiscal mais restritivo, haverá maior desconfiança dos investidores, reduz o nível de atividade e a tendência é um aumento da inflação. "A taxa de juros pode chegar a 14% e pode ser mais um ciclo negativo", avalia. No segundo cenário, com ajuste fiscal maior e um comprometimento no ajuste de contas, não há espaço para carga tributária. "O governo pode fazer isso via cortes de gastos crível, de longo prazo, da magnitude necessária o mercado compra."

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