Gasolina, leite, comer fora de casa: que mais pesou no bolso em 2024?
Juliana Moraes
Do UOL, em São Paulo
10/01/2025 09h25
Gasolina, planos de saúde, alimentação fora de casa, laranja, café e leite foram as contas que mais pesaram no bolso do brasileiro em 2024, conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (10).
A lista considera não apenas a variação percentual acumulada ao longo do ano passado, como também a contribuição de cada item para o cálculo do índice IPCA, a inflação oficial do país.
As contas que mais pesaram no IPCA em 2024 foram:
- Gasolina (9,71%)
- Plano de saúde (7,87%)
- Refeição fora de casa (5,7%)
- Leite longa vida (18,83%)
- Condomínio (6,25%)
- Ensino fundamental (8,86%)
- Serviço bancário (8,03%)
- Café moído (39,6%)
- Carnes (20,84%)
- Lanche (7,56%)
Gasolina negociada em dólar. Item de maior impacto no ano passado, o preço da gasolina sofre as consequências diretas da alta do dólar, cotado acima dos R$ 6 desde o fim de novembro. Isso porque o petróleo, matéria-prima do combustível, é negociado na moeda americana.
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Saúde pesou no bolso do consumidor. Os reajustes dos planos de saúde foram de 6,91% para os planos individuais, que têm teto definido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), e de 13,8% para os planos coletivos por adesão.
As refeições e lanches fora de casa também foram destaque negativo no saldo dos brasileiros. A pesquisa anual da ABBT (Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador) mostrou que a refeição completa mais barata fora de casa custou, em média, R$ 37,44 por dia — alta de 9,15% em comparação com 2023. Para quem almoça os 22 dias úteis fora de casa, o custo é de mais da metade de um salário mínimo.
Clima impactou no preço do leite. A inflação nos lácteos, como no litro do leite longa vida, é reflexo das enchentes no Rio Grande do Sul (o estado é responsável por cerca de 12% da produção brasileira), pelo clima quente no segundo semestre do ano e pelo atraso na época de chuvas, explica Glauco Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite. Os preços, que recuaram fortemente nos primeiros meses do ano, começaram a subir a partir de junho. Em novembro, a alta foi de 20,38% em relação ao mesmo mês de 2023.
Cafezinho vai continuar caro. O café moído, que registrou forte alta no ano passado, deve continuar no mesmo ritmo neste ano, consequência de fatores climáticos e logísticos. O Brasil e o Vietnã, dois maiores produtores de café do mundo, foram atingidos por fenômenos climáticos extremos, que afetaram as lavouras, que demoram a se recuperar. Além disso, o aumento nos custos de fertilizantes e outros insumos agrícolas, agravado pela volatilidade cambial, impactou os custos de produção.
Nos supermercados, o pacote de 1 kg foi vendido, em média, a R$ 48,57. Em janeiro, o preço do mesmo pacote era R$ 35,09. Os dados são da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café).
Maiores altas acumuladas em 2024:
Dentre os itens que ficaram mais caros em 2024, estão frutas, café, óleo de soja e leite longa vida.
Laranja pera (consumida in natura) (48,33%)
Café moído (39,6%)
Óleo de soja (29,21%)
Leite longa vida (18,83%)
Café, óleo de soja e leite são itens que têm maior impacto na cesta básica. Porém, dos dez que mais encareceram, apenas três itens (café, óleo de soja e leite) estão inseridos na cesta básica e, portanto, impactam mais o orçamento doméstico, de acordo com André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV-IBRE.
Clima fez a feira ficar mais cara. Os itens agrícolas foram afetados negativamente, principalmente devido ao fenômeno El Niño, que trouxe irregularidades nas chuvas das principais regiões produtoras desses itens.
Para 2025, os preços podem estabilizar. "Sem os efeitos climáticos, tanto do El Niño como da La Nina, as chuvas devem ser bem distribuídas e a safra poderá ser melhor. Com a safra mais robusta, os preços podem ficar mais estáveis", diz o economista.