Brasil enfrenta aumento de custos e esgotamento de reservas na mineração


Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)
13/03/2025 06h01
No Brasil, os três maiores riscos para o setor da mineração são o aumento de custos e produtividade, o esgotamento de recursos e reservas, e a geopolítica. Outros fatores importantes incluem questões ambientais, mudanças climáticas e a força de trabalho. É o que aponta resultado de uma pesquisa feita por uma consultoria com empresários da área.
O que aconteceu
Aumento dos custos de operação é um dos principais desafios do setor. A inflação e a alta do dólar têm pressionado o mercado, de acordo com o levantamento realizado pela EY, auditoria e consultoria. A extração de minério está ficando cada vez mais cara, pois as minas mais profundas exigem mais processamento e maior uso de recursos. Além disso, os teores de minério nas minas estão em queda, o que também eleva os custos de produção.
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Em relação à produtividade, a busca por soluções que otimizem o processo de extração é uma realidade. Para lidar com esses desafios, as empresas estão buscando alternativas como parcerias, aquisições e joint ventures. Essas estratégias ajudam a reduzir os custos sem comprometer a qualidade e a produtividade.
Esgotamento de recursos e reservas, que antes não figurava entre os mais destacados, agora surge como uma oportunidade. O Brasil pode se beneficiar de novos projetos de mapeamento geológico, que visam identificar novas reservas e explorar melhor os recursos existentes.
Muitos temas que formam o top 10 do Brasil aparecem no ranking global, o que mostra um alinhamento com as outras grandes nações relevantes para a mineração. Já em comparação ao estudo do ano passado, a grande novidade foi o aparecimento do esgotamento de recursos entre os principais temas, o que pode ser uma oportunidade principalmente para alavancar projetos de mapeamento geológico no Brasil, por exemplo. Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY
Os desafios
Questões geopolíticas tem gerado incertezas no setor. O Brasil é um importante produtor de commodities como ferro, cobre, níquel e ouro, o que coloca o país em uma posição estratégica no cenário global. A crescente demanda por diversificação de fornecedores, especialmente de minerais críticos para a nova economia, torna o mercado ainda mais competitivo.
Mineração sustentável também tem ganhado espaço, já que o setor está sendo pressionado por uma agenda ESG (ambiental, social e de governança). Isso inclui a busca por minerais de transição energética, essenciais para a descarbonização e a criação de tecnologias mais limpas.
Impacto das mudanças climáticas e adoção de práticas sustentáveis. Empresas de mineração tem sido pressionadas a ter práticas mais sustentáveis, como o uso reduzido de água, adoção de combustíveis mais limpos e a recuperação de resíduos e rejeitos. Essas iniciativas geram um ciclo de inovação constante, que também leva ao aumento dos custos operacionais.
Força de trabalho também é uma preocupação crescente, já que o setor enfrenta a escassez de mão de obra qualificada. Para atrair novos talentos, a tecnologia tem se mostrado uma aliada importante. O uso de inteligência artificial tem sido cada vez mais frequente para otimizar a produtividade nas operações de mineração. Essa aproximação pode ajudar a atrair jovens profissionais, antes focados em indústrias mais digitais.
O futuro
A pesquisa destaca que o Brasil está bem posicionado para enfrentar esses desafios, devido ao grande potencial mineral. Porém, é essencial que o país aproveite as oportunidades geradas pela transição energética e pela inovação tecnológica.
Empresas do setor precisam se adaptar às novas exigências de sustentabilidade, aumentar a transparência e investir em novas tecnologias para garantir a competitividade no mercado global. A pesquisa "Top 10 business risks and opportunities for mining and metals" foi realizada pela EY, auditoria e consultoria, entre junho e julho de 2024. Ao todo foram 353 respostas.