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Bolsa brasileira tem 3ª queda seguida em meio a crise mundial por tarifaço

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL

07/04/2025 10h50Atualizada em 07/04/2025 17h42

A Bolsa de Valores de São Paulo teve nesta segunda-feira (7) a terceira baixa seguida em meio a uma forte instabilidade nos mercados de todo o mundo devido à guerra comercial iniciada pelo presidente americano, Donald Trump.

Enquanto uma parte dos investidores vende ativos de risco — como as ações de empresas — por medo de uma recessão global, outra parte aposta que Trump pode rever e até suavizar o aumento das tarifas de importação de produtos pelos EUA depois da reação negativa que levou ao derretimento das Bolsas em todos os continentes desde quinta (3) passada.

O que está acontecendo?

Ao fim do pregão, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa — que chegou a cair 2,42% na abertura — fechou no negativo em 1,32%, para 125.579 pontos, conforme dados preliminares. O dólar comercial teve alta de 1,28%, subindo para R$ 5,910. O dólar para turistas seguiu pelo mesmo caminho, com valorização de 1,58%, para R$ 6,155.

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Os investidores veem que o crescente risco de recessão pode fazer com que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) corte os juros já em maio. Os mercados se movem rapidamente para precificar essas possíveis baixas nas taxas americanas. A demanda de investidores internacionais por dólares aumentou.

Esse ambiente de temor de recessão econômica nos Estados Unidos e no mundo leva os investidores a buscarem ativos de qualidade, os chamados portos seguros. Então vimos um desempenho mais forte de franco suíço, do euro, do iene japonês e do ouro

Leonel Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercados da Stone X

Mundialmente, o índice VIX, conhecido como "índice do medo", chegou a 12% de alta pela manhã. Por volta das 17h, estava em 6,71%. O VIX mede a volatilidade do mercado acionário com base nos derivativos do S&P 500, um dos índices do mercado de ações americano. "A deterioração da confiança e os riscos de 'estagflação', que combina inflação alta com baixo crescimento, passaram a entrar no radar dos analistas", diz Diego Costa, diretor de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP.

As maiores quedas do dia ficaram com empresas de varejo e companhias exportadoras. Magazine Luiza. MGLU3), com desvalorização de 5,36%, para R$ 10,25. Em seguida vinham as ordinárias da Petrobras (PETR3), com queda de 5,27%, a R$ 35,74 e Braskem (BRKM5) com perdas de 4%, a R$ 9,37. Gerdau Metalúrgica (GOAU4), uma das empresa afetadas pela tarifa do aço, teve baixa de 3,95%, a R$ 8,02. Lojas Renner (LREN3) também ficou entre as cinco maiores desvalorizações do dia, caindo 3,79%, a R$ 12,17. Os dados são preliminares. No campo das altas, destacaram-se IRB (IRBR3), com valorização de 3,11%, a R$ 50,34 e Natura (NTCO3), com ganhos de 3,06%, a R$ 9,43.

O que fazer com as ações?

A dica para o investidor médio e pequeno é não vender, nem de sair comprando. É o que diz Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos. "É hora de acompanhar o desenvolvimento das notícias e ver para onde o mercado vai", afirma ele. O que tranquiliza, diz Moliterno, é que a queda do Ibovespa foi mais suave que a de outros mercados internacionais.

A Bolsa de Tóquio, por exemplo, despencou 7,8%, Seul perdeu 5,6% e Sydney, 4,2%. Hong Kong teve desvalorização de 13,22%. Na Europa, o Stoxx 600 pan-europeu fechou em baixa de 4,53%, com todos os setores e principais bolsas sofrendo perdas significativas. O índice DAX da Alemanha terminou o dia em queda de 4,19%. Na França, o tombo foi de 4,78% e em Madri, de 511. Nos Estados Unidos, as Bolsas caminham também para o terceiro dia seguido de perdas.

O melhor é esperar. "Na hora do pânico, não se faz nada", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. Quem vende agora, diz ele, pode realizar um prejuízo que talvez não se mantenha nos próximos dias. "Num primeiro momento, as reações são mais fortes. Pode ser que tudo isso gere inflação e desaceleração, mas alguns setores — e países — são prejudicados enquanto outros são beneficiados", explica.

Supere o desconforto. "O mercado continua dando oportunidade de compra de ativos mais descontados. É importante salientar que o Brasil foi o menos afetado com as tarifas de Trump. O cenário recomendado é ter cautela. Muitas pessoas entram no mercado em momentos de crise, mas muitas vezes é colocado certo dinheiro em risco que não deve ser colocado", diz Bruno Cotrim, economista da casa de análise Top Gain.

Acabou a fase de alta do Ibovespa?

É muito cedo para dizer isso, diz Moliterno. "Vai depender do que acontecer em relação às tarifas, se haverá mais retaliações ou se haverá flexibilização", afirma ele. O acumulado do ano do Ibovespa até 4 de abril é de ganhos de 4,48%, conforme dados preliminares.

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