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Donos de bônus do Cruzeiro do Sul consideram proposta injusta

Guillermo Parra-Bernal

21/08/2012 19h23

SÃO PAULO, 21 Ago (Reuters) - Os detentores de bônus do Banco Cruzeiro do Sul (CZRS4.SA), que segundo os termos de um programa de recompra de títulos perderão metade de seu investimento, questionaram o plano numa reunião de credores nesta terça-feira, num sinal de que pressionarão a companhia por uma oferta melhor.

Investidores que participaram da reunião em Miami afirmaram que a recompra, anunciada semana passada como parte dos esforços para salvar o Cruzeiro do Sul de uma liquidação, os trata de maneira desigual.

A reunião com executivos do HSBC e do Bank of America, que estão supervisionando a operação, deixou-os "com um sentimento de que estamos arcando com a maior parte das perdas", disse um operador presente na reunião.

O Banco Central interveio no Cruzeiro do Sul em 4 de junho e colocou-o sob administração do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no mesmo dia. Sob os termos do plano, o FGC aceitou recomprar, com um deságio médio de 49,3%, US$ 1,575 bilhão em bônus do Cruzeiro do Sul com prazo de vencimento entre setembro de 2012 e setembro de 2020.

A reunião deixou muitos investidores com dúvidas sobre o que fazer, com bancos privados que detêm títulos do Cruzeiro do Sul mais dispostos a aceitar os termos de recompra do que hedge funds com experiência em litígio. O plano requer a aprovação de pelo menos 90% dos detentores de bônus.

"Eu gostaria de ter uma visão mais direta sobre o futuro do banco", disse um operador, baseado em Miami, com alguns clientes que detêm dívidas do banco. A proposta não conseguirá o apoio necessário a menos que o "FGC melhore a oferta atual", afirmou.

Apesar do grande deságio, alguns credores do bônus subordinado do Cruzeiro do Sul com prazo em setembro de 2020 podem aceitar a recompra para evitar uma liquidação forçada do banco --decisão que poderia acabar com qualquer chance de receber o investimento de volta. Quando uma companhia entra em processo de falência a dívida subordinada é paga após a dívida sênior e a dívida de salários.

Ligações à assessoria de imprensa do Cruzeiro do Sul não foram imediatamente atendidas.

Um analista em Nova York, que pediu anonimato, já que o assunto é sensível, disse que a recompra é a melhor solução para o Cruzeiro do Sul, já que o plano ajudará a reduzir a carga de dívida do banco e o tornará mais atrativo entre potenciais compradores. No caso de detentores da dívida subordinada do banco, "eles têm sorte de receber uma oferta de recompra".