IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Antecipação do ciclo da soja em Goiás impulsiona investimentos em milho

Gustavo Bonato

29/01/2014 12h26

A antecipação da colheita de soja no sudoeste de Goiás está criando oportunidade para o plantio de uma "safrinha" de milho na janela ideal de clima, com uso de alta tecnologia e indicativo de produção acima do ano passado, disseram produtores e especialistas.

"A soja adiantou muito", disse o produtor Lúcio Carvalho, que já começou a colher seus 2.500 hectares plantados com soja na região de Rio Verde, polo agrícola goiano.

As lavouras precoces de Goiás --quarto principal Estado produtor de soja do país-- sofreram com quase um mês sem chuvas entre dezembro e janeiro, o que antecipou a maturação em até 7 ou 10 dias, dependendo do caso.

Com isso, os produtores têm mais chances de plantar uma segunda safra com milho, após a colheita da soja, dentro do período ideal de clima, que é até meados de fevereiro.

A procura por sementes de milho disparou na região nos últimos dias.

"Quem está correndo atrás agora é o produtor que não sabia se ia colher a soja numa janela viável", disse Adenilton dos Santos, gerente de negócios do Grupo Tec Agro, que distribui sementes na região de Rio Verde.

Entre os quatro principais Estados que plantam o chamado milho "safrinha", Goiás possivelmente será o único que elevará a produção em 2014 ante 2013, em meio a preços da commodity pouco interessantes. A consultoria Agroconsult estima aumento de 11%, para 4,4 milhões de toneladas.

Enquanto isso, no total do país, a produção da segunda safra de milho deverá cair 7%, para 44,1 milhões de toneladas, pressionada principalmente por uma redução de tecnologia e produtividade em Mato Grosso, segundo a Agroconsult.

"A seca encurtou o ciclo da soja, e o plantio do milho até 15 de fevereiro, na melhor janela, permite um potencial de até 150 sacas [de milho] por hectare", disse o analista André Pessôa, da Agroconsult, que percorre nesta semana as lavouras de Goiás e Mato Grosso na expedição técnica Rally da Safra.

As lavouras que conseguirem atingir as 150 sacas por hectare vão se aproximar da média dos agricultores norte-americanos, os que mais produzem milho no mundo.

De qualquer forma, os produtores do sudoeste de Goiás dizem que só entram na safrinha de milho se for para colher muito, aproveitando a janela ideal, com sementes de alta produtividade e adubação adequada.

Com os preços do cereal pressionados, um plantio de milho com baixa produtividade não pagaria os investimentos.

"Eu cortei a baixa e a média tecnologia", disse o produtor Lúcio Carvalho.

Na fazenda dele, é preciso atingir uma produtividade de 125 sacas de milho por hectare e vender no mínimo a 18,50 reais por saca para garantir rentabilidade. "É arriscado", ponderou o agricultor.

Agentes de mercado disseram que uma saca de milho está sendo negociada na região, atualmente, entre R$ 18 e R$ 19.