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Produtores de algodão do Brasil pedem retaliação contra EUA

Fabíola Gomes

14/02/2014 11h32

Os produtores brasileiros de algodão cobraram nesta sexta-feira (14) que o governo adote as retaliações a que tem direito contra os Estados Unidos, que violaram uma decisão da Organização Mundial do Comércio favorável ao Brasil em disputa legal contra os subsídios norte-americanos ao algodão.

Segundo nota da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), a decisão virá no dia 20 de fevereiro após reunião dos membros da Câmara de Comércio Exterior.

"Os produtores de algodão esperam que a retaliação contra os Estados Unidos seja seriamente considerada", disse a associação em nota.

O Brasil realizou consultas públicas para avaliar possível retaliação contra os EUA por conta da interrupção em setembro de 2013 de pagamentos aos produtores brasileiros de algodão, como compensação pelas perdas geradas pelos subsídios concedidos aos produtores norte-americanos.

O contencioso, iniciado em 2002, questionava os subsídios dos EUA, considerados ilegais e fonte de distorções de preços nos mercados internos.

Em um acordo entre os dois países, ficaram acertados pagamentos de quase US$ 150 milhões por ano, que deveriam ter sido mantidos até a aprovação de lei agrícola dos EUA atendendo aos interesses brasileiros.

A nova lei agrícola dos EUA foi assinada pelo presidente Barack Obama no início deste mês, mas é considerada danosa para a produção brasileira, segundo a Abrapa.

Além do atraso, a Abrapa ressalta que a nova lei --que inclui programas de seguro-- tende a causar distorções ainda maiores nos preços e na produção de algodão, afetando os agricultores brasileiros.

"O governo americano não está pagando o que deve ao Brasil, e não voltará a pagar nem corrigirá a sua legislação agrícola se nada fizermos; se o Brasil não agir será uma perda lamentável após mais de uma década de vitórias e reconhecimento internacional", disse o presidente da Abrapa, Gilson Pinesso, em comunicado.

A nova lei dos EUA é considerada danosa porque as mudanças implicarão pagamento de subsídios indiretos a produtores, pressionando ainda mais as cotações da commodity, disse Pinesso em entrevista por telefone.

Segundo ele, os preços internacionais podem cair entre 7% e 14%, ante os patamares atuais, com a aplicação da nova lei agrícola.

"E conforme os preços caem --e devem cair mais porque a China deve reduzir compras em outubro--, mais subsídios indiretos eles (produtores dos EUA) recebem", disse Pinesso.