Petrobras eleva proposta salarial e oferece aumento de 6%; sindicatos rejeitam
A Petrobras (PETR4) apresentou nesta quarta-feira (19) uma nova proposta de Acordo Coletivo de Trabalho aos funcionários, com um reajuste salarial mais alto, mas ainda abaixo da inflação do ano anterior, segundo sindicatos que rejeitaram a oferta, que inclui a redução de pagamentos de horas extras.
Dessa vez, a empresa ofereceu um reajuste de 6% sobre o salário básico, contra nenhum aumento na proposta anterior. Também propôs aumento de 6% das tabelas de remuneração mínima de nível e regime (RMNR), ante 4,97% na proposta anterior, informaram sindicalistas.
"Diante de uma primeira proposta tão rebaixada, a companhia tenta apresentar sua segunda proposta como um grande avanço... Entretanto, trata-se simplesmente de perfumar o que segue sendo um grande ataque", disse o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), em nota.
O sindicato lembrou que a inflação acumulada dos últimos 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), atingiu 9,12%.
O Sindipetro afirmou que, além de oferecer um reajuste muito abaixo da inflação, a empresa manteve a redução pela metade no pagamento de horas extras.
A empresa também ofereceu a opção de redução da jornada diária de trabalho de 8 para 6 horas, mediante redução de 25% da remuneração, para empregados em horário flexível e sem função gratificada.
A nova proposta tem potencial de alimentar uma paralisação das atividades. Os trabalhadores já aprovaram em assembleias o estado de greve e, legalmente, podem iniciar o movimento a qualquer momento.
No ano passado, os funcionários realizaram a maior greve da Petrobras em 20 anos, com impacto importante na produção de petróleo. Além disso, assim como no ano passado, os sindicatos estão extremamente insatisfeitos com o plano bilionário de venda de ativos da Petrobras.
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente. Em entrevista recente, o presidente da estatal, Pedro Parente, afirmou que não poderia conceder "generosos aumentos" aos funcionários, em momento em que a empresa busca reduzir sua enorme dívida.
Negociações
A Petrobras se reúne nesta quarta-feira para conversar com sindicatos sobre a nova proposta, enquanto sindicalistas têm afirmado, conforme reportagem da Reuters, que a estatal está realizando uma "guerra ideológica" para ganhar apoio dos funcionários, em um ambiente em que a companhia busca ajustar suas combalidas finanças.
A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne cinco sindicatos, vai se reunir na parte da tarde com a companhia e a Federação Única dos Petroleiros (FUP), já se reuniu.
Ao deixar a reunião, o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, postou um vídeo na internet dizendo que a categoria não irá aceitar a proposta.
"Sem novidade nenhuma no sentido de quem eles querem colocar para pagar a conta. A atual gestão da Petrobras tem o mesmo DNA dos anos 90. É arrocho salarial, tentativas de redução de direitos, venda de ativos da empresa, tudo isso nas costas do trabalhador, e com certeza a gente não aceitar isso", disse o líder sindical, que já foi conselheiro da Petrobras.
Os desinvestimentos deverão levar à companhia a realizar novos planos de demissões voluntárias, conforme afirmou recentemente o presidente da Petrobras.
"A proposta de ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) de Pedro Parente é mais uma faceta do desmonte organizado contra a Petrobras. A venda de ativos, o fatiamento da companhia só é possível com uma força de trabalho desvalorizada, com direitos reduzidos", afirmou o Sindipetro-LP, filiado à FNP.
(Edição de Roberto Samora)