Peso argentino estabiliza com atuação do BC, FMI anuncia apoio
Por Scott Squires e Jorge Otaola
BUENOS AIRES (Reuters) - O peso argentino se recompôs levemente nesta sexta-feira após o banco central vender US$ 250 milhões de reservas e o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um forte comunicado em apoio ao governo do presidente Mauricio Macri.
Mas com a frustração aumentando na esteira da inflação de mais de 30% e as medidas de austeridade sob um acordo com o FMI de US$ 50 bilhões, funcionários do Ministério da Agricultura argentino protestaram contra cortes no orçamento e membros do partido de oposição Unidade Cidadã convocaram marchas contra Macri para esta noite.
A líder do partido, ex-presidente Cristina Fernandez, uma proponente de intervenção governamental na economia, pode concorrer contra Macri para presidência no próximo ano. Isso levantou mais questões sobre a expectativa econômica do país. Ela tem, contudo, sido soterrada por um escândalo de corrupção marcado pela prisão de várias ex-autoridades.
"Perdemos nossos empregos por causa das políticas ortodoxas e fundamentalistas do governo", disse Jorge Harvez, 63, um funcionário do Ministério da Agricultura que foi demitido na véspera.
Um dos 250 manifestantes que bloquearam o tráfego em frente à sede do Ministério, Harvez culpou o esforço de austeridade pelas demissões.
"Nós vamos continuar a bloquear as ruas até nós forçarmos os ministros a negociar conosco", completou.
Um porta-voz disse que o Ministério da Agricultura demitiu 548 pessoas, a maioria na divisão que cuida de pequenos produtores, "para fazer um uso mais eficiente dos recursos do Estado".
Muitos argentinos culparam o aporte do FMI pelos cortes de Orçamento que jogaram milhões na pobreza durante a crise econômica de 2001-2002.
O peso perdeu 20% de valor só na quarta e quinta-feira após Macri dizer que ele iria pedir ao FMI que adiantasse pagamentos em um acordo de US$ 50 bilhões. O anúncio aumentou a preocupação entre investidores de que a Argentina possa estar muito pressionada para cumprir com a redução de seu déficit em 2019.
"Argentina tem o total apoio do Fundo e nós estamos confiantes que o forte comprometimento e determinação das autoridades argentinas ajudarão o país a superar as dificuldades atuais", disse o porta-voz do FMI Gerry Rice em pronunciamento.
A fala ajudou o peso a se estabilizar, pelo menos temporariamente, disse o analista da consultoria Medley Global Advisors, Ignacio Labaqui.
"O apoio do FMI definitivamente ajuda, à essa altura", completou.