Santander é condenado a pagar R$ 430 mi a banqueiro após recuar de nomeação
Um tribunal de Madri, na Espanha, ordenou que o Santander pague ao banqueiro italiano Andrea Orcel em 67,8 milhões de euros (quase R$ 430 milhões) em um caso famoso no mundo financeiro, em que o executivo foi indicado para ser presidente-executivo da instituição, mas o convite acabou sendo retirado pelo banco espanhol.
A disputa entre Orcel e a presidente do conselho de administração do Santander, Ana Botín, rompeu um vínculo profissional próximo - Orcel tinha sido, anteriormente, conselheiro do banco de investimento de Botín - e deixou o famoso executivo do mercado financeiro sem trabalho.
Orcel e Botín acabaram indo parar na Justiça depois que o maior banco da Espanha desistiu dos planos de tornar o ex-executivo do banco de investimento UBS o presidente-executivo do Santander como resultado de um desentendimento sobre a remuneração dele.
Orcel já tinha saído do UBS para se preparar para a nova função no Santander.
O tribunal afirmou que a carta com oferta do posto para Orcel foi um contrato vinculante e que o Santander tem que compensá-lo pela desistência.
"O contrato foi unilateralmente e arbitrariamente rescindido pelo Santander", afirmou o tribunal na decisão, que pode ser alvo de recurso.
"A situação criada pelo Santander causou ao senhor Orcel claro dano moral", segundo a decisão proferida ontem e divulgada hoje.
O tribunal disse que o Santander deve pagar a Orcel 17 milhões de euros (cerca de R$ 105 milhões) por um bônus de assinatura, 35 milhões de euros (R$ 220 milhões) por uma relacionada à aquisição, 5,8 milhões de euros (R$ 35 milhões) por dois anos de salário e 10 milhões de euros (R$ 65 milhões) por danos morais e de reputação.
O Santander também deve pagar juros desde a data da abertura do processo.
Um porta-voz do Santander disse que o banco vai apelar da decisão. Tanto a equipe jurídica de Orcel quanto um porta-voz do banqueiro italiano se recusaram a comentar o assunto.
Orcel originalmente cobrou 112 milhões de euros (R$ 705 milhões) ao Santander por quebra de contrato e danos à sua carreira devido à repentina reviravolta do banco.
Mas, em maio, desistiu da parte da ação que exigiria que o banco espanhol o contratasse. Isso ocorreu depois que ele foi nomeado presidente-executivo do UniCredit.
Orcel também reduziu a demanda para entre 66 milhões e 76 milhões de euros (R$ 415 milhões a R$ 480 milhões), segundo fontes próximas ao assunto, um documento do tribunal e um advogado do Santander.