REPERCUSSÃO 2-Copom corta taxa Selic em 0,5 ponto para 13,25%
(Reuters) - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 13,25% ao ano, primeiro corte na Selic em três anos, e afirmou ser possível um novo corte da mesma magnitude em setembro.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi um dos cinco integrantes do Copom que votaram a favor da redução de 0,5 ponto. Os outros quatro membro do comitê defenderam uma redução de 0,25 ponto percentual, em uma decisão de 5 a 4.
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Veja abaixo reações à decisão do Copom.
MINISTRO DA FAZENDA, FERNANDO HADDAD:
"O corte de 0,50% na taxa básica de juros sinaliza que estamos na direção certa. Um avanço no sentido do crescimento econômico sustentável para todos", afirmou na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter.
"É um voto técnico calibrado à luz de tudo o que ele (Campos Neto) conhece da realidade do país... Era uma situação de votação apertada mesmo, por várias opiniões no mercado, muitos economistas falando sobre o assunto. Todas as opiniões dignas e legítimas. Eu tenho certeza que o voto dele foi um voto totalmente balizado em considerações de natureza técnica", disse Haddad em entrevista coletiva.
CAIO MEGALE, ECONOMISTA-CHEFE, XP:
"A nossa visão é que é um corte adequado para o ciclo, e tem algo como três a quatro pontos percentuais para serem cortados que podem ser feitos e serem testados a cortes de 0,50. Seis, sete cortes de 0,50 que é um ritmo para o nível da Selic atual gradual.
Talvez o início poderia ser de 0,25, dado que ainda tem algumas incertezas, essa inclusive era a nossa projeção, mas o ritmo de 0,50 não parece um ritmo agressivo se ele for de fato mantido. Agora resta saber como o mercado vai reagir. Se o mercado vai colocar no preço exatamente essa sinalização de 0,50 ou vai testar ritmos mais fortes de baixa.
Acreditamos que temos riscos de alta e de baixa de inflação adiante, e essa é a grande questão que fica para frente...
Em linhas gerais, nossa impressão é que os próximos cortes vão continuar na linha de 0,50, mas vai ser muito importante vermos para um embasamento mais profundo da decisão, a ata que sai na próxima terça feira."
ARIANE BENEDITO, ECONOMISTA E RI, ESH CAPITAL:
"O principal destaque em relação ao último comunicado é que o Copom retira qualquer menção às questões fiscais, dando maior ênfase ao cenário de desinflação, pois considera que os níveis de preços registrados no primeiro semestre é reflexo da defasagem de política monetária e ancoragem das expectativas após a decisão do Conselho Monetário Nacional sobre a meta de inflação...
O Banco Central considera que os próximos cortes devem seguir em 0,50%, devido a permanência da preocupação com a desancoragem das expectativas nos períodos mais longos...
A expectativa para a divulgação da Ata deve ficar em torno de assuntos que o Comitê não abordou no comunicado, como fiscal, ambiente externo mais detalhado, vetores de impacto na inflação doméstica e o ciclo de preços das commodities."
ALEXANDRE ESPIRITO SANTO, ECONOMISTA-CHEFE, E EDUARDA SCHMIDT, ANALISTA DE MACROECONOMIA, ÓRAMA INVESTIMENTOS:
"Embora considerássemos que não seria despropositado que o movimento ora iniciado viesse com redução pouco maior, como foi, acreditávamos que o conservadorismo seria mais condizente com a estratégia traçada pelo Comitê, bem como o discurso que a autoridade monetária vem reproduzindo nos últimos meses.
No comunicado pós-encontro, o Comitê sinalizou que em seus próximos movimentos avaliará os desdobramentos da inflação, salientou o balanço de riscos como de costume, mas deixou subtendido que, se o comportamento da inflação permanecer favorável, novas quedas de 0,5 p.p. acontecerão em seus próximos encontros."
JOÃO SAVIGNON, HEAD DE PESQUISA MACROECONÔMICA DA KÍNITRO:
"Nossa visão é que o Copom mantenha esse ritmo de cortes de juros nas próximas reuniões, mas não descartamos que possa intensificá-lo, caso o cenário evolua favoravelmente. Isto é, se houver uma continuidade desse ambiente de menor risco doméstico, com o avanço das pautas econômicas na volta do recesso parlamentar, novas indicações de elevação do rating soberano, com consequente apreciação do câmbio, ou novos recuos das expectativas de inflação e das medidas de inflação mais sensíveis ao ciclo econômico."
SIDNEY LIMA, ANALISTA, OURO PRETO INVESTIMENTOS:
"A divulgação veio em linha com as expectativas do mercado que previamente cogitava uma real possibilidade do corte em 0,50 p.p.
O ponto que me chama a atenção é que a decisão foi bem acirrada, em relação ao quanto teríamos de redução...
Acredito que o voto que trouxe surpresa foi o de Roberto Campos Neto, que votou a favor da redução de 0,50 p.p., mesmo tendo um perfil mais técnico e resistente à redução mais agressiva da taxa."
VINÍCIUS ROMANNO, HEAD DE RENDA FIXO DA SUNO RESEARCH:
"Esperamos que amanhã a gente veja algum tipo de ajuste na curva futura de juros, principalmente no curto e médio prazos...
O comunicado veio bem moderado, retiraram alguns pontos de preocupação como fiscal. Falaram mais de forma positiva sobre expectativa de inflação mais ancoradas, e por isso acreditamos que, apesar da queda da Selic, investimentos em renda fixa pós-fixada para investidores conservadores podem ser uma boa alternativa."
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA:
"A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual.
De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, mantido o cenário de controle da inflação nos próximos meses, é necessário que os cortes na Selic sejam mais intensos."
VICE-PRESIDENTE GERALDO ALCKMIN:
"O governo do presidente @LulaOficial gerou todas as condições para que esse movimento acontecesse: os índices de inflação caíram todos, as perspectivas melhoraram e estamos avançando com reformas importantes em torno de um país mais justo e próspero."