Mercados argentinos caem após surpreendente apoio a Milei nas primárias
BUENOS AIRES (Reuters) - As bolsas argentinas caíram nesta segunda-feira após o bom desempenho do candidato ultraliberal Javier Milei, que foi o mais votado nas primárias presidenciais da Argentina com suas propostas de dolarizar a economia e eliminar o banco central do país.
Em meio a uma crise econômica prolongada com inflação alta, o banco central argentino desvalorizou, nesta segunda-feira, o peso doméstico em 17,9%, para 350 pesos por dólar, e elevou a taxa de juros de referência em 21 pontos-base, para 118% anuais, enquanto a moeda local caiu 11,7% no mercado informal para 685 pesos por dólar.
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Os títulos soberanos despencaram em média 5,8% e o índice S&P Merval de Buenos Aires, único indicador com bom desempenho devido aos movimentos especulativos, registrou alta de 3,3% após abertura em baixa.
O dado positivo do dia foi a compra de 220 milhões de dólares feita pelo banco central no mercado após a desvalorização do peso, o que lhe dá oxigênio para superar uma crise econômica que deixou seus cofres vazios.
Embora Milei não tivesse competição interna em seu partido A Liberdade Avança, o resultado de domingo dá indícios claros do que pode acontecer nas eleições gerais de outubro, já que o economista libertário obteve 30,03% dos votos, segundo contagem provisória que apurou cerca de 97,4% dos votos.
Com uma crise profunda que levou a uma inflação de 116% e a uma pobreza de 40% da população, a apatia conquistou a maioria dos argentinos, que mostraram um grau de abstenção maior do que nas eleições anteriores e se voltaram em grande parte para uma figura antissistema como Milei.
(Reportagem de Nicolás Misculin e Eliana Raszewski)