Carrefour diz que cargos de Abilio Diniz ficarão vagos momentaneamente
SÃO PAULO (Reuters) - O Carrefour Brasil afirmou na noite do domingo que os cargos ocupados pelo empresário Abilio Diniz, que morreu neste fim de semana aos 87 anos, ficarão vagos momentaneamente, até que o conselho de administração da rede varejista tome decisão sobre seus sucessores.
Diniz morreu vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. O empresário estava internado no hospital Albert Einstein em São Paulo há alguns dias. O executivo era um dos principais acionistas do grupo Carrefour Brasil, e do francês Carrefour, por meio de sua holding de investimentos Península.
No Carrefour Brasil, Diniz ocupava a vice-presidência do conselho de administração da empresa, maior rede de varejo alimentar do país. O empresário também presidia o comitê de talentos, cultura e integração da rede.
As ações do Carrefour Brasil estavam entre as principais perdas do Ibovespa nesta segunda-feira, exibindo queda de mais de 2% às 11h17, enquanto o índice marcava baixa de 0,4%.
Procurada na manhã desta segunda-feira no Brasil, a Península não pôde comentar de imediato como fica o plano de sucessão na holding e seus investimentos no grupo Carrefour.
Em Paris, a Península afirmou "compromisso de longo prazo" com o grupo Carrefour. A holding que administra os investimentos da família do empresário é a segunda maior acionista do Carrefour.
A Península, que possui 7,3% do Carrefour Brasil, citou ainda que continuará a trazer para o Carrefour apoio de sua equipe e seu conhecimento setorial.
Questionado em 10 de janeiro por jornalistas da CNN Brasil, onde mantinha um programa de entrevistas, sobre planos de sucessão, Diniz respondeu que "nunca me preocupei com o legado, eu gosto do aqui e agora".
Analistas do JPMorgan afirmam em relatório a clientes nesta segunda-feira que a morte de Diniz deve "provavelmente trazer mais volatilidade" para as ações do Carrefour Brasil.
"Acreditamos que ele (Diniz) vinha sendo uma voz importante em recentes mudanças na gestão (do Carrefour Brasil), trazendo mais independência da França para os negócios locais, principalmente para o Atacadão, e na mudança de estratégia para acelerar iniciativas de reestruturação, incluindo fechamento de lojas", afirmaram os analistas.
"Acreditamos que o infeliz falecimento vai levantar questões entre os investidores se as mudanças serão preservadas na ausência de sua forte voz no conselho (de administração do Carrefour Brasil)", escreveram os analistas do JPMorgan.
O Carrefour Brasil divulga resultados de quarto trimestre de 2023 após o fechamento dos mercados nesta segunda-feira e executivos da companhia discorrerão na terça-feira sobre os dados e perspectivas da companhia.
NAOURI LAMENTA
O presidente do Grupo Casino Guichard-Perrachon, Jean-Charles Naouri, com quem Diniz travou no início da década passada uma intensa disputa pelo controle do então Grupo Pão de Açúcar, hoje GPA, vencida pelo empresário franco-argelino, lamentou a morte do brasileiro nesta segunda-feira.
"Abilio foi um empreendedor incansável e que acima de tudo jamais abandonou seu otimismo com o Brasil. Seu legado será sempre lembrado como um dos maiores nomes do varejo alimentar no mundo", afirmou Naouri em comunicado à imprensa.
Já o GPA afirmou que Diniz teve uma "significativa contribuição para o crescimento e consolidação do varejo brasileiro" e que "sua liderança e inovações moldaram o setor, impactando positivamente a economia nacional".
Por sua vez, o grupo Casas Bahia, anteriormente chamado de Via Varejo e parte do GPA até 2019, também lamentou a morte do empresário e afirmou que Diniz "ajudou a construir a história da nossa marca. Que o legado dele perdure como inspiração para todos nós".
(Por Alberto Alerigi Jr.; )