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Após IPCA de março, Itaú Unibanco mantém expectativa de corte de 0,50 p.p. da Selic em junho

10/04/2024 12h07

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, afirmou nesta quarta-feira que o resultado do IPCA de março não alterou a expectativa do banco de corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros Selic em junho, apesar das preocupações com os preços de serviços.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em março, o que representa uma forte desaceleração ante a alta de 0,83% em fevereiro. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam avanço de 0,25% no mês.

Em conversa com jornalistas, Mesquita foi questionado pela Reuters se o resultado abaixo das expectativas alterava de algum modo a visão do Itaú Unibanco sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em junho.

“O IPCA de hoje foi uma divulgação com vários aspectos benignos. O (índice) cheio veio abaixo do esperado, os núcleos vieram bem, mas comportamentos de serviços ligados à mão de obra seguem preocupando”, afirmou o economista-chefe do Itaú Unibanco.

“Não mudou de forma muito intensa nossa visão a respeito de junho. A gente tem que ver também a divulgação de indicadores de atividade para esta semana... Por hora, não mudou. Estamos com 50 (pontos-base de corte da Selic em junho)”, acrescentou.

Em suas comunicações mais recentes, o BC indicou a intenção de cortar em 0,50 ponto percentual a Selic no próximo encontro do Copom, em maio, mas deixou em aberto a decisão para o encontro seguinte, em junho, alegando aumento da incerteza. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

No relatório Focus, a mediana das expectativas do mercado aponta para uma Selic em 9,00% ao ano no fim de 2024 e a 8,50% no encerramento de 2025. Um pouco mais conservador, o Itaú Unibanco projeta uma taxa básica de 9,25% para o fim deste e do próximo ano.

“Quem acreditava em um juro abaixo de 9% já está repensando. A gente está um pouquinho acima de 9%”, comentou Mesquita.

Para os economistas do Itaú Unibanco, uma das preocupações é a dinâmica dos preços dos serviços, em especial dos itens mais ligados ao mercado de trabalho -- algo que já vem sendo destacado, inclusive, pelo BC em suas comunicações.

“A parte de serviços mais ligados à mão de obra está subindo”, pontuou Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco, na conversa com jornalistas. “Todas as vezes em que a gente viu o desemprego rodando abaixo de 9%, vemos ajustes salariais nominais acima da inflação”, acrescentou.

Serviços médicos, dentários e de estética estão entre os itens que geram maior pressão atualmente.

O cenário fiscal é outra preocupação. O Itaú Unibanco projeta atualmente déficit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 e rombo de 0,9% em 2025. Atualmente, o governo trabalha com meta de resultado zero este ano e superávit de 0,5% no próximo.

TROCA NO COMANDO DO BC

Mesquita afirmou ainda que a substituição do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, está no radar, mas minimizou eventuais impactos na condução da política monetária.

“(A) inflação é tão impopular, torna tamanho dano, que acredito que o governo vai optar por alguém que vai seguir priorizando o combate à inflação”, afirmou o economista-chefe do Itaú Unibanco.

Campos Neto segue no comando do BC até o fim deste ano, e tanto em Brasília quanto no mercado financeiro já começaram as especulações sobre quem poderá substituí-lo.

“Acho que tem o incentivo para que o governo escolha alguém que vai combater a inflação. O regime de metas do BC acaba impondo isso. Se você começa sistematicamente a desviar desta meta, você afeta sua credibilidade”, avaliou.

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