Horário de verão: aéreas pedem prazo mínimo de 180 dias para adaptação
Associações ligadas ao setor aéreo manifestaram nesta terça-feira "grande preocupação" com a possibilidade de retorno do horário de verão no Brasil ainda neste ano, afirmando que a medida pode ter impactos substanciais aos passageiros e comprometer a conectividade do país se tomada de forma tempestiva.
As aéreas pedem ao governo pelo menos 180 dias entre o decreto de estabelecimento do horário de verão e a efetiva mudança do horário para que possam se planejar, segundo uma nota conjunta assinada pelas associações Abear, Alta, Iata e Jurcaib.
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Como mostrou reportagem da Reuters, o possível retorno do horário de verão, como um recurso para ajudar na operação do sistema elétrico nacional diante da grave seca deste ano, poderia causar um problema logístico para companhias aéreas, ao forçar uma reprogramação principalmente de voos internacionais.
O adiantamento dos relógios em uma hora afetaria toda a programação atual de voos das companhias aéreas, levando a ajustes nos horários de partida e chegada e conexões, com custos adicionais para realocar equipes e tripulantes.
"A falta de comunicação prévia para que as empresas aéreas ajustem os horários de voos e conexões, cuidadosamente definidos e já em comercialização desde o início do ano, pode resultar em grandes transtornos para a sociedade, especialmente durante a temporada de verão e festas de final de ano", diz a nota das entidades.
O Brasil aboliu em 2019 o horário de verão sob argumento de que ele não trazia mais ganhos para o setor elétrico. Mas o diagnóstico mudou desde então, em meio às transformações da matriz elétrica nacional.
Agora, a avaliação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é que o adiantamento dos relógios pode ajudar a reduzir a pressão sobre o sistema elétrico no fim da tarde, quando as usinas solares deixam de gerar ao mesmo tempo em que o consumo está no pico.
Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) referendou uma recomendação do ONS para a retomada do horário de verão, mas o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse ainda não estar convencido da necessidade dessa medida, considerando sua "transversalidade" e impactos em outros setores. A definição sobre o tema ficará a cargo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.