Ibovespa recua em dia com noticiário carregado; Vale atenua perda
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, em dia marcado pela repercussão de uma bateria de resultados corporativos e ruídos envolvendo um aguardado pacote fiscal prometido pelo governo federal, bem como de decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,51%, a 129.681,7 pontos, com a alta de Vale representando um contrapeso relevante no viés negativo. O volume financeiro somou 24,9 bilhões de reais.
O Ibovespa chegou a 131.319,41 pontos pela manhã, apoiado principalmente nos papéis da Vale, mas o humor azedou após reportagem da CNN Brasil afirmar que o governo estaria estudando duas propostas de corte de gastos: uma de 15 bilhões de reais e outra de 10 bilhões de reais.
O Ministério da Fazenda publicou nota na sequência afirmando que "a informação não corresponde ao que vem sendo debatido entre a equipe econômica, demais ministérios e a Presidência da República", sem fornecer detalhes adicionais.
Diante de expectativas no mercado de um pacote fiscal entre 30 bilhões e 50 bilhões de reais, o Ibovespa reverteu o sinal positivo e chegou a 129.406,39 pontos no pior momento após a notícia inicial.
De acordo com o analista de investimentos Gabriel Mollo, da Daycoval Corretora, um montante nesse patamar (10 bilhões a 15 bilhões de reais) deixaria o mercado "bem decepcionado" e reforçaria as preocupações com o risco fiscal no país.
O dólar, que também havia acelerado a alta ante o real com a reportagem, terminou no zero a zero, enquanto as taxas dos DI, que marcaram máximas em alguns vencimentos, também arrefeceram. O Ibovespa se afastou da mínima, mas ainda fechou em queda.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na noite de quarta-feira que o governo teria nesta quinta-feira uma reunião para fechar o pacote de medidas fiscais, ressaltando que ainda havia dois "detalhes" a serem discutidos.
Haddad, que sinalizou na segunda-feira a possibilidade de que as medidas fossem anunciadas nesta semana, cancelou viagem a São Paullo nesta quinta à noite para permanecer em Brasília, onde uma nova reunião será realizada na sexta-feira.
Na véspera, o Banco Central acelerou o ritmo de aperto monetário ao elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,25% ao ano, defendendo que o governo adote medidas fiscais estruturais que gerem impactos para a política monetária.
Ainda no Brasil, agentes encerraram as negociações à espera de uma nova bateria de resultados corporativos após o fechamento do mercado, entre eles o de Petrobras, Magazine Luiza, Cogna, Yduqs, Rumo e CPFL Energia, entre outros.
O penúltimo pregão da semana ainda teve decisão de política monetária nos Estados Unidos, com o Federal Reseve confirmando as expectativas e cortando a taxa de juros em 0,25 ponto, pra a faixa de 4,50% a 4,75%, em decisão unânime.
DESTAQUES
- VALE ON saltou 3,48%, acompanhando os futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com alta de 2,11%, a 799,5 iuanes (111,56 dólares) a tonelada, o maior valor desde 16 de outubro.
- PETROBRAS PN fechou em alta de 0,31% antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre. No exterior, o barril de petróleo do tipo Brent reagiu e encerrou acréscmo 0,95%, a 75,63 dólares.
- PETZ ON desabou 14,53%, mesmo após anunciar um lucro líquido ajustado no terceiro trimestre 76,5% maior do que o apurado no mesmo período do ano passado, de 26 milhões de reais, em seu primeiro balanço trimestral desde o anúncio de combinação de negócios com a Cobasi. A ação vinha de quatro altas seguidas, tendo fechado na véspera com salto de 7,7%.
- TOTVS ON tombou 8,44%, um dia após reportar resultado do terceiro trimestre com lucro líquido consolidado de 295,8 milhões de reais queda de 32% em relação ao mesmo período do ano passado. Em termos ajustados, o lucro somou 226 milhões, alta de 55%. Foi o segundo dia de queda após cinco pregões seguidos de alta, quando acumulou uma valorização de quase 18%.
- COGNA ON recuou 7,19%, tendo no radar balanço divulgado nesta quinta-feira, após o fechamento do pregão, que mostrou prejuízo menor no terceiro trimestre, enquanto o Ebitda recorrente saltou 25,9%, para quase 385 milhões de reais, com melhora na margem para 30%. Projeções compiladas pela LSEG apontavam Ebitda de 363 milhões de reais.