BC piora projeção de crescimento do PIB em 2025 de 2,1% para 1,9% e vê inflação seguir acima da meta


O Banco Central piorou sua projeção de crescimento econômico do Brasil em 2025 a 1,9%, contra patamar de 2,1% estimado em dezembro, conforme divulgado nesta quinta-feira no Relatório de Política Monetária, que também prevê uma continuidade da inflação acima do teto da meta ao longo deste ano.
A nova projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) está abaixo da estimativa do Ministério da Fazenda, que prevê expansão de 2,3% para o PIB este ano, embora o ministro Fernando Haddad tenha chegado a afirmar neste mês que o crescimento poderia ser de 2,5%. O mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 1,98% em 2025.
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Segundo o BC, a revisão reflete uma redução no crescimento esperado para setores mais cíclicos, parcialmente compensada por um aumento nos demais.
"Notam-se sinais que sugerem uma incipiente moderação do crescimento econômico", disse o BC no relatório, citando um arrefecimento mais nítido em setores mais sensíveis ao ciclo econômico, no consumo das famílias e em investimentos.
A autarquia apontou que a previsão de forte alta na agropecuária, juntamente com o aumento no valor do salário-mínimo e a liberação de recursos extras do FGTS, deve contribuir para a aceleração da atividade no primeiro trimestre.
O documento pondera que o resultado do início do ano sofre efeito de sazonalidade, argumentando que interpretações sobre o grau de aquecimento da atividade no início de 2025 devem ser feitas com cautela.
Inflação
No documento, o BC afirmou que em seu cenário de referência a inflação continua acima do limite do intervalo de tolerância da meta ao longo de 2025, começando a cair a partir do quarto trimestre, mas ainda permanecendo acima do alvo contínuo de 3% —que tem margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
As projeções da autarquia apontam para uma inflação acumulada em 12 meses na faixa de 5,5% e 5,6% nos três primeiros trimestres deste ano, caindo para 5,1% no final do ano.
Segundo o documento, o índice de preços cairia para 3,7% em 2026 e 3,1% no terceiro trimestre de 2027, já dentro da margem de tolerância, mas ainda acima do centro da meta.
A meta contínua de inflação prevê que o BC se explique e apresente um plano de trabalho para a convergência da inflação após seis meses contínuos de rompimento dos limites da meta, o que deve ocorrer em junho deste ano.
Para o BC, ao fim de 2025, a chance de a inflação estourar o teto da meta é de 70%, contra 50% antes. Para 2026, a chance foi estimada em 28%, ante 26%.
Após afirmar que a manutenção das projeções acima do alvo torna a convergência dos preços à meta mais desafiadora, o BC ressaltou que a inflação voltou a subir no período recente e a desancoragem das expectativas de mercado aumentou.
Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) de que antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de magnitude menor do que 1 ponto percentual na reunião de maio.