BC prevê alta menor da Selic em maio, mas não confirma se será a última
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O BC (Banco Central) justificou hoje a nova alta de 1 ponto percentual da taxa Selic, de 13,25% ao ano para 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. Na ata, os diretores do Copom (Comitê de Política Monetária) defendem o compromisso de direcionar a inflação para a meta e projetam uma elevação de menor intensidade da taxa básica de juros no próximo encontro do colegiado.
O que aconteceu
Copom vê elevação da Selic como adequada contra a inflação. Segundo os membros da autoridade monetária, a terceira elevação consecutiva dos juros básicos da economia é adequada para segurar a alta dos preços. "Essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante", diz a ata.
Diretores do BC preveem alta menor dos juros em maio. Os membros do Copom avaliam que a continuidade do ciclo de alta da taxa Selic é necessária devido à "continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação" e "da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso".
O Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião.
Ata da 269ª Reunião do Copom
Futuro da taxa Selic permanece incerto para o Copom. Para o encontro de junho, os diretores afirmam que a decisão dependerá da evolução da variação dos preços. Eles destacam que a definição dependerá das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
BC reforça que cenário de curto prazo permanece adverso. Os diretores do Copom citam a inflação de serviços e dos alimentos como preocupantes, com potencial para contaminar os preços de outros setores. "Os preços de alimentos mantêm-se elevados e tendem a se propagar para outros preços no médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira", explica.
Meta de inflação será furada novamente em junho. Com a alteração do regime de metas a partir deste ano, o BC prevê que terá a necessidade de se justificar sobre o estouro do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no meio deste ano, quando a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima de 4,5% por seis meses consecutivos.
Se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta por seis meses consecutivos, contados desde janeiro deste ano. Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas.
Ata da 269ª Reunião do Copom
Mercado vê a taxa Selic em 15% ao ano ao final de 2025. O relatório Focus divulgado pelo BC ontem manteve as expectativas para o futuro dos juros, mas reduziu as projeções para a inflação. Conforme as projeções, a taxa Selic será reduzida em 2026, 2027 e 2028, para 12,5%, ao ano, 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.
Contas públicas
BC defende harmonia entre as políticas fiscais e monetária. Segundo os diretores da autoridade monetária, a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida pública ainda impacta, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas.
Esforço individual abre caminho para juros mais elevados. O Copom destaca que o menor esforço com as reformas estruturais e a disciplina fiscal abrem caminho, além do aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública, têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia.
Exterior
BC avalia que ambiente externo permanece "desafiador". Sem citar nominalmente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Copom afirma que as propostas de taxar as importações de diversos produtos trazem incertezas. "Esse contexto tem gerado ainda mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed e acerca do ritmo de crescimento nos demais países", diz a ata.
A incerteza em torno de tais políticas já restringe novos investimentos e tem impacto sobre atividade. De forma análoga, a incerteza sobre a implementação das tarifas também tem impacto sobre expectativas, determinação de preços e inflação.
Ata da 269ª Reunião do Copom
Elevação dos gastos públicos na Europa entra no radar. Segundo o Copom, o movimento ocasionado pela emissão de dívida no continente tende a "apertar as condições financeiras globais" e prejudicar as moedas de economias emergentes, a exemplo do Brasil. Outro ponto observado com atenção envolve a postura dos bancos centrais em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho.
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