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De babá a executiva: brasileira faz sucesso 'financiando' imigrantes na Inglaterra

A brasileira Talita Galo é sócia da Speed Fast Money Transfer, baseada em Londres. Imagem: Divulgação

Correspondente da RFI em Londres

08/10/2023 04h00Atualizada em 09/10/2023 20h22

Nos últimos cinco anos, o Brasil registrou sucessivos recordes no volume de remessas financeiras recebidas de pessoas físicas no exterior. Foram R$ 4,7 bilhões somente no ano passado, o valor mais alto da série histórica do Banco Central (BC). Trata-se, em geral, de dinheiro enviado por brasileiros que trabalham fora do país para ajudar parentes na terra natal. Este é um mercado importante onde empresas de renome atuam, o que não foi uma barreira para a empreendedora brasileira Talita Galo.

À RFI, esta paranaense radicada em Londres há quase 20 anos afirma que resolveu apostar em um serviço personalizado para imigrantes como ela. Foi nisso que pensou com o marido Giuliano, de quem é sócia, quando compraram a Intertransfer, instituição onde ela trabalhava e que há sete anos se transformou na Speed Fast Money Transfer, que compete com grandes nomes internacionais. Formado em Farmácia, ele trabalhou como motoboy, garçom e camareiro quando chegou a Londres. Ela é formada em Educação Física e começou como babá e faxineira.

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Segundo Talita, o grande diferencial da empresa é o atendimento personalizado feito de imigrante para imigrante. "Nós orientamos como se deve proceder, para que não haja nenhum transtorno ou atraso nessas transferências, diferentemente de outras empresas em que você é apenas mais um número", afirma, destacando o atendimento em outras línguas, como o português, o espanhol e o polonês.

Com cinco lojas e 12 funcionários, a empresa atende quase 300 mil clientes em todo o país. O atendimento também é feito por aplicativo e telefone, mas Talita sabe que há clientes que confiam mais em consultar uma pessoa presencialmente, principalmente quando se trata de entregar notas de dinheiro para a transferência.

"Nós nos sentimos um canal de realização, porque todo imigrante saindo do seu país de origem, vem em busca de um sonho, de uma realização, muitas vezes é o sonho da casa própria", diz. "Cada envio que a gente está fazendo é um tijolinho, um degrauzinho a mais que a pessoa está subindo e isso é muito gratificante", prossegue.

Machismo no setor

Executiva bem-sucedida em um meio ainda bastante masculino, Talita reconhece as dificuldades do ofício. "Ser mulher e trabalhar no ramo financeiro é muito desgastante. É lidar com olhares duvidosos a todo momento, No meu caso, também pesa a questão der ser imigrante", observa, lembrando que é "importante debatermos sobre isso e que a gente sirva de inspiração para outras mulheres".

Talita foi para Londres em 2004 para passar um ano. Hoje, não pensa em sair de onde está, embora reconheça que o país onde resolveu morar mudou muito desde então. Há dois meses, a executiva viu uma de suas lojas sofrer um assalto cinematográfico. Um grupo uniformizado implodiu a entrada e levou um cofre imenso de dinheiro em uma operação que, segundo ela, terá sido planejada nos mínimos detalhes.

Ainda impactada pela ação dos bandidos, Talita não desamina. Tomou medidas adicionais de segurança e já avisou que pretende continuar investindo no futuro da empresa. "Queremos ser a maior e melhor opção de envio de dinheiro para que a gente possa se tornar um canal de realização para nossos clientes", afirma.

O Reino Unido vive uma grave crise econômica desde o Brexit e a pandemia do coronavírus. Ainda assim, é o segundo país de onde mais saem remessas de brasileiros. Foram R$ 462 milhões em 2022, de acordo com o BC, atrás apenas para os Estados Unidos, de onde foram transferidos R$ 2,2 bilhões.

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