FGC vai trabalhar para vender Cruzeiro do Sul a outra instituição
SÃO PAULO - Não há chance de o Cruzeiro do Sul voltar para as mãos do antigo controlador, afirmou nesta segunda-feira o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O fundo, entidade que protege depósitos bancários dos clientes, foi nomeado para executar a gestão da instituição controlada pela família Indio da Costa após o Banco Central (BC) decretar Regime de Administração Especial Temporária (Raet). A ação da autoridade monetária havia sido antecipada pelo Valor no domingo.
Em entrevista a jornalistas na sede do Cruzeiro do Sul, em São Paulo, o diretor-executivo do FGC, Antonio Carlos Bueno, afirmou que será feito um trabalho para vender o Cruzeiro do Sul para outra instituição.
Segundo o Valor apurou, as negociações para o BTG Pactual assumir o controle do banco Cruzeiro do Sul fracassaram no domingo, pondo fim à tentativa de encontrar uma solução negociada para os problemas detectados na instituição. Uma fiscalização realizada pelo Banco Central entre março e abril apontou a existência de operações de crédito fictícios registrados no balanço.
Conforme a determinação anunciada nesta manhã pelo BC, o FGC foi instituído o administrador temporário e agora fará um balanço especial para apurar as condições econômico-financeiras do grupo. O prazo é de 180 dias.
Em caso de liquidação do Cruzeiro do Sul, o fundo informou que teria um desembolso de R$ 2,2 bilhões. Desse valor, R$ 2,1 bilhões referem-se a Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE) e os R$ 100 milhões restantes a garantias de depositantes no montante de até R$ 70 mil por cliente, conforme estatuto da entidade.
Segundo Antonio Carlos Bueno, o fundo já aportou R$ 1,1 bilhão em um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) do Cruzeiro do Sul - de um total de R$ 4,2 bilhões -, mas vê "risco baixíssimo" de perda nesse caso.
Rombo de R$ 1,3 bilhão
O FGC contratou a auditoria Pricewaterhouse Coopers para fazer uma avaliação ("due dilligence") do balanço do banco. O diretor-executivo do fundo disse que ainda não se sabe o tamanho exato do rombo no Cruzeiro do Sul, mas o valor é próximo de R$ 1,3 bilhão.
Ele reiterou que nenhuma operação do banco terá liquidação antecipada por conta da intervenção decretada pelo BC.
A BM&FBovespa suspendeu as negociações com as ações do Cruzeiro do Sul, listadas sob o código CZRS na bolsa, aguardando esclarecimentos. O banco anunciou nesta tarde que vai realizar na terça-feira, às 11h, uma teleconferência relativa ao processo.
(Fernando Travaglini e Vinícius Pinheiro | Valor)
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