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Retorno financeiro de estudo é baixo na América Latina, diz MIT

18/09/2012 13h33

Um dos fatores que justificam a baixa qualificação da mão de obra na América Latina está no baixo retorno financeiro dos investimentos em educação na região, segundo avaliação de Ben Ross Schneider, diretor do Programa MIT-Brasil, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

No Chile, exemplifica Schneider, 40% dos profissionais não ganham o suficiente para compensar o investimento feito na universidade. Ao particiar do 9º Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), realizado em São Paulo, ele ressaltou que nos países desenvolvidos o retorno para cada ano de educação é superior a 12%, enquanto América Latina esse percentual não chega a 7%.

"Mesmo entre os países em desenvolvimento há muitas diferença no que se refere a educação. Na Ásia, o retorno dos investimentos em estudos é muito maior que na América Latina", observou. Schneider comentou que na América Latina não há garantias de retorno para os investimentos feitos em educação, o que reduz os incentivos para se ampliar os anos de estudo antes de se partir para o mercado de trabalho. O diretor do MIT, entretanto, ressaltou que, se a demanda por trabalhadores qualificados persistir por um certo período, ela incentivará profissionais a buscar mais qualificação. Da mesma forma, se a oferta de profissionais qualificados crescer, haverá um ponto em que a demanda será criada.

"O pacto desenvolvimentista no Brasil poderia coordenar os esforços do governo, que gera a oferta de trabalhadores por meio da educação; das empresas, que promovem a demanda ao contratar profissionais, e do mercado de trabalho", sugeriu Schneider. Em sua avaliação, falta uma mobilização por parte dos empresários para melhorar a educação no país. "Há algumas iniciativas, como o Senai, mas não são suficientes para promover um salto educacional."

O diretor do MIT destacou ações bem sucedidas em países como Coreia do Sul, Tailândia e Finlândia, ressaltando que o tamanho e a complexidade do Brasil poderia ser um entrave à implantação de medidas. "Por isso, talvez fosse o caso de estudar ações estaduais", acrescentou.

(Francine De Lorenzo | Valor)