Topo

Dólar fecha em alta com incerteza sobre equipe econômica e exterior

24/11/2014 17h52

Depois da queda de 2,11% na sexta-feira, o dólar fechou em alta frente ao real em movimento de correção diante de incertezas em relação à nomeação da nova equipe econômica e do movimento de valorização da divisa americana no exterior.

A moeda brasileira abriu em alta frente ao dólar, mas perdeu força com o fortalecimento do dólar no exterior e após os dados mais fracos que o esperado do balanço de pagamentos do Brasil, que reforçaram a visão da necessidade de desvalorização do câmbio para ajustar as contas externas. Analistas ainda relataram uma saída maior de recursos por parte de empresas, que impulsionou a alta da divisa americana no mercado à vista.

O dólar comercial subiu 1,02%, fechando a R$ 2,5476. Já o contrato futuro para dezembro avançava 1,25% para R$ 2,55.

Os investidores reagiram hoje à decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar o anúncio da nova equipe econômica. Na sexta-feira, notícias davam como certo a indicação de Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro Nacional e atualmente diretor-superintendente da Bradesco Asset Management (Bram), para o Ministério da Fazenda e de Nelson Barbosa, ex-secretário executivo da pasta, para o Planejamento.

O anúncio, no entanto, foi adiado para esta semana, o que trouxe maior incerteza para os investidores. "O mercado deu uma estressada hoje com o adiamento do anúncio. Investidores comentam que a presidente estaria tendo problema em convencer a base partidária da escolha de Joaquim Levy para a Fazenda", afirma João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora.

Na sexta-feira, o mercado reagiu positivamente com a possibilidade da escolha de Levy para a Fazenda. O executivo, que esteve à frente do Tesouro no primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, é conhecido por ter promovido um ajuste fiscal forte e visto como um nome mais ortodoxo pelo mercado, capaz de promover o aperto na política fiscal.

A escolha de Levy reforça a perspectiva de que o Banco Central não deve renovar o programa de intervenção diária no câmbio, previsto para acabar em 31 de dezembro, para o ano que vem.

Investidores já começam a se ajustar para a possibilidade do fim do programa, aumentando a posição na moeda americana no mercado futuro.

Segundo analistas, é necessário uma desvalorização ainda maior do câmbio para ajustar o déficit em conta corrente, que somou US$ 8,131 bilhões em outubro, o pior resultado para o mês desde 1980. No acumulando de 12 meses, o saldo é negativo em US $ 84,4 bilhões, o equivalente a 3,73% do PIB, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central.

Hoje esse déficit não é mais coberto integralmente pelo Investimento Estrangeiro Direto (IED), passando a ficar mais dependente do ingresso de recursos para portfólio, que é mais volátil. Apesar da entrada de US$ 4,133 bilhões para renda fixa em outubro, o fluxo para esses ativos em novembro estava negativo em US$ 519 milhões.

A menor entrada de capitais no Brasil já se reflete no fluxo cambial de novembro. No mês, até o dia 20, o fluxo cambial está negativo em US$ 2,124 bilhões. "Os estrangeiros chegaram a vender um pouco títulos públicos no iníci o do mês, mas neste momento estão mais parados, não há muita entrada, nem saída", afirma um executivo da tesouraria de um banco estrangeiro.

O BC seguiu com o cronograma das atuações no câmbio e realizou hoje a rolagem de mais 14 mil contratos de swap cambial que venceriam em 1º de dezembro, além de vender todos os 4 mil contratos de swap cambial no leilão do programa de intervenção.

Lá fora, o dólar subia frente às principais moedas diante dos cenários divergentes da política mone tária nos Estados Unidos em relação à Europa e ao Japão. Enquanto, as duas últimas regiões caminham para uma política de ampliaç ão dos estímulos monetários para impulsionar a recuperação da economia, os EUA se preparam para a normalização da taxa básica de juros, o que tem dado suporte à moeda americana.

A moeda americana subia 0,85% frente ao rand sul-africano, 0,40% diante da lira turca e 0,27% em relação ao peso mexicano.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Dólar fecha em alta com incerteza sobre equipe econômica e exterior - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Economia