Juros futuros fecham em baixa, com aposta em corte da Selic
14/02/2018 18h28
Investidores da renda fixa local voltaram do Carnaval com forte demanda por venda de taxa. O movimento foi mais intenso nos vértices de prazos médios e longos, nos quais alguns DIs chegaram a cair mais de 10 pontos-base.
Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 caía a 6,685% ao ano (6,725% no ajuste anterior), oDI janeiro/2020 recuava a 7,900% (7,98% no ajuste anterior), oDI janeiro/2021 cedia a 8,780% (8,9% no ajuste anterior) eo DI janeiro/2023 marcava 9,550% (9,68% no ajuste anterior).
Os trechos mais longos da curva a termo costumam ser influenciados pelo ambiente internacional, que, nesta quarta-feira (14), autoriza a redução de prêmios de risco. Isso é espelhado nos mercados globais de ações e de câmbio, com o dólar no Brasil em queda de mais de 2%, a mais forte em três semanas.
A procura por risco contraria a reação inicial a dados de inflação nos Estados Unidos. Tanto o índice de preços ao consumidor cheio (CPI, na sigla em inglês) quanto o núcleo do indicador de janeiro superaram expectativas, o que acabou intensificando o debate sobre as chances de o Federal Reserve (Fed, BC americano) precisar subir mais vezes, no ano, os juros nos EUA.
Porém, dados de varejo aquém do esperado amenizaram temores de que o ritmo de expansão da atividade econômica nos Estados Unidos pode justificar aperto monetário além do esperado. Deve-se também levar em conta que as taxas reais de juros nos EUA se estabilizaram depois de fortes altas recentes, o que coincide com um mercado financeiro que, aos poucos, volta a respirar após dias de violentas variações de preço.
"A inflação nos Estados Unidos sem dúvida vai subir, mas nada a ponto de gerar caos ou colocar em xeque o crescimento econômico", diz Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos. O gestor entende que os juros no mundo ainda estão muito baixos para padrões históricos e que não é surpresa que caminhemos para alguma normalização. "Mas o ponto é que a economia global vai continuar bem. E, claro, isso é bom para o Brasil."
Petrassi diz que esse cenário-central não fecha totalmente a porta para mais um corte de 0,25 ponto percentual da Selic em março. De fato, hoje, a curva de DI embute 36% de probabilidade de redução do juro básico no mês que vem. Na sexta-feira, essa precificação era de 31%.
Operadores relatam que o último dado de IPCA (de janeiro, que veio mais baixo que o esperado) reforçou apostas de inflação na casa de 3,8% e até de 3,6% em 2018. E a pesquisa Focus, divulgada hoje, sugeriu que números como esses também são considerados pelos departamentos econômicos.
A mediana das estimativas caiu de 3,94% uma semana antes para 3,84% no fim da semana passada. Já a inflação para 2019 se manteve em 4,25% - centro da meta definida pelo CMN.