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Ibovespa recua com investidor atento ao exterior e dólar bate R$ 3,42

20/04/2018 13h36

Apesar de ter conseguido romper e se sustentar acima de 85,6 mil pontos, o Ibovespa não teve força suficiente para ultrapassar a marca de 86 mil pontos e volta a demonstrar comportamento "travado", em dia de exterior negativo e sem elementos no Brasil que justifiquem um reposicionamento do investidor.

Às 13h24, o Ibovespa cedia 0,51%, aos 85.386 pontos, depois de ter marcado, na mínima do dia, a quase perder o patamar (85.025 pontos). O giro financeiro era de R$ 3,52 bilhões.

O movimento negativo ganha ênfase com as bolsas no exterior, também em baixa. Persistem as dúvidas entre os agentes de mercado sobre um eventual aumento do ritmo de altas de juros nos Estados Unidos, enquanto, do lado doméstico, as preocupações sobre o crescimento da economia e a falta de visibilidade no cenário eleitoral também prosseguem.

O ambiente mais pesado se reflete em papéis de maior peso para o Ibovespa, caso dos bancos, como Itaú Unibanco (-0,51%), Bradesco ON (-0,89%) e Bradesco PN (-0,86%), enquanto Petrobras ON (+0,49%) e Petrobras PN (+0,54%) ameaçam uma recuperação.

Em meio à falta de catalisadores, ambiente que tem deixado o Ibovespa preso entre os 83 mil pontos e os 85 mil pontos, operadores dão destaque ao noticiário corporativo hoje.

Embraer ganhava 3,91% depois das informações que circulam no mercado de que as negociações para a criação de uma nova empresa de aviação com a americana Boeing estão avançadas.

Natura tinha alta de 3,16% responde de forma positiva às projeções divulgadas nesta manhã de receita líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) até 2022. Em relatório, o J.P. Morgan reforça que as estimativas vieram acima do esperado, especialmente considerando o horizonte de cinco anos.

BRF aumentava 2,94% também está entre os maiores ganhos do dia, depois da confirmação de que os fundos Petros e Previ, maiores acionistas da companhia, e o empresário Abilio Diniz chegaram a um acordo que coloca Pedro Parente, presidente da Petrobras, à frente do conselho de administração.

Na ponta negativa, Hypera (ex-Hypermarcas) amplia as perdas a 5,38%. Os investidores reagem com maior aversão ao papel depois que a companhia confirmou, nesta manhã, que a ação cautelar de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal (PF) no dia 10 de abril atingiu o presidente Claudio Bergamo dos Santos e o maior acionista e fundador da companhia, João Alves de Queiroz.

Eletrobras era mais uma vez um destaque negativo, com a ON caindo 3,13% e a PNB cedendo 3,39%. Segundo um operador, persiste no mercado a dúvida sobre o futuro da empresa, em especial depois das declarações de José Carlos Aleluia (DEM-BA), relator do projeto de privatização da companhia. Ele afirmou que há hipótese de o projeto de lei não ser aprovado. A demora no processo de venda das distribuidoras ? a Eletrobras adiou para junho o leilão ? também reforça as preocupações em torno do tema.

Juros

A aposta num cenário de juros baixos por mais tempo foi retomada nesta sexta-feira, após novos sinais de inflação contida. As taxas dos DIs com vencimentos mais curto operam em queda desde a abertura, a despeito do ambiente externo mais duro.

Investidores receberam com alívio o resultado do IPCA-15 de abril. De acordo com operadores, havia alguma preocupação de que a inflação já começaria a surpreender negativamente. Foi registrada alta, mas de apenas 0,21% em abril, ligeiramente abaixo da média das expectativas, de 0,24%.

Mesmo que a diferença tenha sido marginal, acaba sendo o suficiente para empurrar um pouco mais para frente a expectativa de alta de juros ou, pelo menos, diminuir o tamanho de uma futura recomposição da Selic.

Há a leitura entre parte dos analistas de que uma alta de juros deve vir só no segundo semestre de 2019. Isso porque a inflação ainda está contida e a recuperação pode ser mais lenta que o esperado. A expectativa na Tendências é de que, depois de tocar 6,25% neste ano, o BC levará a taxa para 7,75% no fim de 2019.

Para o curtíssimo prazo, ainda prevalece a visão majoritária de que o Copom interromperá o ciclo de cortes com movimento final de 0,25 ponto em maio, levando a Selic para 6,25%. Algumas apostas para um cenário alternativo, de redução adicional em junho, até aparecem, mas só devem ganhar força se houver uma clara mudança nas expectativas de inflação para 2019. No Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, o mercado projetava IPCA em 4,07% no fim do ano que vem.

Por volta das 13h30, o DI janeiro/2019 cedia a 6,215% (6,240% no ajuste anterior); oDI janeiro/2020 marcava 6,870% (6,940% no ajuste anterior) e oDI janeiro/2021 apontava 7,860% (7,910% no ajuste anterior);

O DI janeiro/2023 registrava 9,060% (9,070% no ajuste anterior) eo DI janeiro/2025 projetava 9,600% (9,600% no ajuste anterior).

Câmbio

O dólar chega ao último pregão da semana em firme alta contra o real, se aproximando de R$ 3,42 na máxima intradiária. O movimento no Brasil replica o visto no exterior, em novo dia de fortes ganhos para a moeda americana, cuja atratividade aumenta conforme os juros dos títulos do Tesouro americano estendem as máximas em cerca de um mês.

Às 13h30, o dólar comercial subia 0,71%, a R$ 3,4150. No mercado futuro, o dólar para maio ganhava 0,89%, a R$ 3,4175.

Na semana, o dólar reduz a baixa para 0,37%. Ainda assim, o real se mantém como a divisa com terceiro melhor desempenho no período, atrás apenas do rublo russo e da lira turca. Esse trio de moedas lidera também o ranking no mês, mas na ponta de queda. Isso sugere que a recuperação vista desde segunda-feira se trata mais de uma correção técnica do que de uma melhora concreta de fundamentos para o câmbio.

Mesmo com a desvalorização na semana, o dólar ainda sobe mais de 3% ante o real tanto em abril quanto no acumulado de 2018.

Mas a queda do spread de juros se deve também à alta das taxas no exterior, sobretudo nos Estados Unidos. Hoje, o rendimento do título do Tesouro dos EUA de dez anos bateu 2,9415% ao ano, nas máximas desde meados de março e a uma pequena distância de alcançar picos em mais de quatro anos.Quanto mais elevados os retornos dos títulos, mais dinheiro tende a migrar para os EUA, o que impacta negativamente fluxos a mercados emergentes, como o Brasil.

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