Realidade das empresas é incompatível com o discurso
Desde a morte brutal de George Floyd nos EUA, sufocado por um policial branco no fim de maio, o mundo passou a discutir o racismo e como ele afeta a população negra.
A repercussão do caso foi tamanha que grandes empresas passaram a fazer o chamado ativismo de marca, quando companhias se posicionam a favor de uma causa. Neste caso, condenando a discriminação racial com posts em redes sociais ou anunciando doações em dinheiro para instituições ligadas à causa negra.
Os atos em si não são ruins —até porque há diversas instituições sérias trabalhando na questão racial—, mas os dados no Brasil mostram que há grande incompatibilidade entre o discurso e a realidade dessas empresas.
Grande prova dessa incoerência é a proporção de funcionários negros nessas companhias, sobretudo em cargos de liderança.
Segundo pesquisa do Instituto Ethos (entidade que auxilia companhias a gerirem seus negócios de forma socialmente responsável), feita com as 500 principais organizações do país em 2016, o quadro é de desigualdade e sub-representação. A grande maioria delas não tem medidas para ampliar a presença de negros em nenhum nível hierárquico.