"Não tem como ficar com luz acesa"
A TV da sala é a única coisa ligada às noites na casa de Iranilda Leopoldina, 51. "Apago tudo, não tem como ficar com luz acesa e pagar mais de R$ 100 de energia", conta a pensionista, que mora no bairro do Jacintinho, periferia de Maceió, com dois filhos, de 26 e 30 anos. "Soube que a luz vai aumentar mais, como é que pode?", questiona.
A alta dos preços no país, que já acumula 3,22% no ano e 8,06% em 12 meses, vem corroendo o orçamento da família, de um salário mínimo (R$ 1.100), e forçando uma mudança de hábitos.
Iranilda conta que, no supermercado, o carrinho fica cada vez mais vazio.
O feijão está R$ 10 o quilo. Antes a gente comprava um frango e comia em dois dias, mas hoje tem de durar ao menos três. Quando consegue comprar carne, a gente bota muita água para depois tomar o molho.
A inflação prejudica o poder de compra de todos, mas os mais pobres são mais afetados, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
"Inflação é perda do poder de consumo. Quando olhamos nas classes de mais baixa renda, o gasto é concentrado em alimento, energia, aluguel e transporte, que subiram muito. Ou seja, houve aumento de coisas que elas consomem no dia a dia", explica Maria Andreia Lameiras, economista do Ipea.
Com a perda do poder de compra, o jeito é cortar o que der, de ferro de passar a carne no supermercado. Veja relatos abaixo.